A AMAZÔNIA NO SÉCULO 21: NOVAS FORMAS DE DESENVOLVIMENTO
Violeta Loureiro
Resumo a partir das questões formuladas!
O texto de Loureiro nos permite pensar em outra forma de desenvolvimento alternativo para a amazônia brasileira, em relação à via hegemônica, sob qual os habitantes e a natureza da região não sejam tão explorados, a natureza seja melhor conservada e os conflitos sociais sejam reduzidos e ou minimizados como resposta às analises a viabilidade de se construir uma vida mais justa e digna para todos habitantes, a partir de parâmetros de desenvolvimento diferentes e melhores, e por isso alternativos em relação aos parâmetros definidos e impostos pelo modelo hegemônico em vigor, no mundo ocidental, que se tem mostrado indiferente aos incontáveis desacertos e males que a devastação da floresta desencadeou em países e nas regiões periféricas à Amazônia Brasileira. Não se trata pois de negar a existência de uma globalização em curso no mundo e seus impactos, principalmente no “desenvolvimento”, mas de acreditar que apesar dela, e paralelamente a ela, é possível desenvolver mudanças positivas e muito significativas em favor da região e de seus povos, desde que haja uma mobilização das muitas forças internas e recursos de que a Amazônia dispõe, mas não são bem geridos.
O atual modelo de “desenvolvimento” “passou a ser concebido como o modelo exemplar de desenvolvimento a que todas as sociedades ocidentais passaram a aspirar e os governos a perseguir. A identificação de progresso com desenvolvimento material se refletia e impregnava todos os ângulos da vida social moderna. A nova forma de produzir exigia total liberdade de mercado, processos produtivos globalizados, “flexibilidade de trabalho” e outros meios que tornavam a economia dos países instável e o trabalho das pessoas raro e volátil.” Padrões de consumo crescentes de bens cada vez mais sofisticados convertia-se em aspirações irrenunciáveis e em valores equivalentes de cidadania e de justiça social, que foram negados, principalmente às comunidades tradicionais.”
Se esse padrão de desenvolvimento e consumo tornou-se a aspiração idealizada dos países periféricos, paradoxalmente, ele foi se tornando não apenas pouco recomendável como também irreprodutível e inaceitável no mundo atual. A impossibilidade desses de reproduzirem a façanha dos países hegemônicos se deve a várias razões: a acumulação dos países centrais processou-se com base no antigo sistema colonial, na escravidão, nas guerras de conquista e na exploração dos países periféricos e esse processo histórico não pode ser refeito pelos países periféricos nos dias atuais; em segundo lugar, porque o modelo de desenvolvimento adotado tem gerado mais exclusão que igualdade social, e isso vem se tornando intolerável por parte dos menos favorecidos e dos excluídos sociais; em terceiro lugar, porque os recursos naturais do planeta tornaram-se insuficientes para garantir aos países periféricos o mesmo nível de consumo de que gozam os países centrais; em quarto lugar, porém não menos importante, porque o progresso material e a elevação dos padrões de consumo processaram-se em descompasso com o desenvolvimento moral, intelectual e humano das sociedades ocidentais, o que produziu um profundo e visível hiato entre os primeiros e os últimos. Esse descompasso vem gerando incontáveis consequências perversas e danosas para um número significativo de pessoas.
“Tornou-se impositivo e urgente, portanto, buscar uma nova concepção de desenvolvimento, alternativo (no dizer de Boaventura de Souza Santos), em relação à via hegemônica e aplicável, pelo menos, aos países e regiões periféricas como a amazônica.” Diversas experiências de desenvolvimento propostas para a Amazônia faliram em sua missão de desenvolver a região e se tornaram excludentes comprometendo ou destruindo a rica multiculturalidade da Amazônia, levando à homogeneização cada vez maior das sociedades, dissolvendo num todo comum as particularidades e especificidades dos grupos sociais, que por consequência perderam seus direitos; se tornaram concentradores de renda, geradores de poucos empregos, espalham miséria em torno dos grandes empreendimentos onde se implantara e provocaram enormes danos ambientais e culturais. A autora propões que além das propostas já existentes, é preciso também criar e desenvolver outras iniciativas alternativas. Estas devem ser tomadas como alternativas porque deverão norteadas por paradigmas mais solidários e distributivos e porque devem ter suas bases fincadas em formas próprias e mesmo inovadoras de organização da produção. Devem ser, além disso, socialmente mais integradoras que as convencionais e mais harmonizadas com a natureza. Ela nos coloca ainda que “as formas de organização da produção convencionais prevalecentes, nas quais o governo brasileiro tem apostado como vias para o desenvolvimento da região, foram estabelecidas sob os princípios que regem os mercados mundiais, nos quais a Amazônia se insere de forma subordinada e em permanente desvantagem, apesar de sua biodiversidade ímpar.” Depois de experiências fracassadas num passado mais distante, o modelo amazônico de desenvolvimento estava ancorado em empreendimentos que produziam bens semielaborados (como ferro, alumínio, óleos de dendê e palma) e matérias-primas (como gado e soja), destinados à exportação. Apesar de gerar poucos empregos, já que as cadeias produtivas não se completavam para produzir bens finais; de desalojar populações naturais e tradicionais; de consumir enormes quantidades de energia (inclusive com produção de carvão oriundo da queima da floresta nativa); de exaurir a natureza e colocá-la em permanente perigo, aquele modelo de produção, baseado nas duas classes de produtos referidas – semielaborados e matérias-primas –, vinha e ainda é apoiado por políticas públicas continuadas, que reproduzem com poucas alterações o secular modelo agroexportador.
Pelos males que carrega consigo, trata-se de desenvolvimento degenerativo, posto que quanto mais avança e se aprofunda, maiores danos provoca. A autora destaca quatro pontos importantes para a compreensão da Amazônia hoje: (1) alguns dos fundamentos epistemológicos pouco visíveis nos quais o modelo de desenvolvimento vigente na Amazônia se ancora; (2) a transformação da Amazônia numa nova fronteira – uma fronteira de commodities, aberta para o mundo; (3) as contradições do Estado brasileiro face à situação atual da Amazônia – que, ultrapassando a condição de questão regional, converte-se cada vez mais rapidamente numa questão nacional e mesmo internacional; e (4) as novas possibilidades alternativas de desenvolvimento da Amazônia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“O que pensar dessas experiências? Elas são modestas na sua maioria, mas geram emprego e renda. São capazes de incluir socialmente as pessoas e elevarem a autoestima dos que nelas se envolvem; agregam pessoas que saem das margens da sociedade e se engajam ativamente na reprodução da vida social. No entanto, são também experiências que, se de um lado apontam caminhos, de outro exibem suas próprias fragilidades. Em geral, elas carecem de domínio tecnológico, de capital e de conhecimento do mercado. Muitas delas, talvez a maioria, não podem dispensar o apoio do Estado e de segmentos mais estruturados da sociedade, como universidades e empresas, sob pena de sucumbirem; a exemplo do que ocorre com empreendimentos convencionais, para os quais os sistemas econômico e político têm voltado seu apoio, sempre.” A autora destacas várias experiências que se mostram mais produtivas social e culturalmente, relativas aos empreendimentos em pequenos lotes agrícolas, em sistemas agroflorestais, de turismo ecológico, pesca e inúmeras outras em curso na Amazônia brasileira, desenvolvidas por grupos de pessoas, associações, cooperativas, apoiadas por ONGs nacionais e estrangeiras, fundações, universidades, centros de pesquisa, associações ligadas a igrejas, etc., “O mais importante é que através de uma economia popular e solidária, impulsionada de dentro para fora e de “baixo para cima” – considerando o pequeno volume de capital que mobiliza –, pode-se contribuir para a melhoria da qualidade de vida de amplos segmentos das populações locais.”
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