sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Proposta de leituramento



PROPOSTA DE LEITURAMENTO


Ojr Bentes

INTRODUÇÃO

O ensino da leitura está num meio de contradições onde o grande prejudicado é o cidadão quando na verdade deveria ser o centro das atenções.

Hoje, dado o papel fundamental da escola e da escolarização no letramento, na aprendizagem e no desenvolvimento do indivíduo, enquanto cidadão ativo, ninguém admite que o professor, figura central nesse processo, não assuma o seu papel. Entretanto, esse papel se reduz muitas vezes ao de fornecedor de estímulos para elucidação de automatismo dentro das mais pobres concepções behavioristas.

Sabemos, que o bom leitor é aquele que lê muito e que aprende a gostar de ler, e concordamos em que o caminho p/ chegar a um bom leitor consiste em ler muito. Entretanto, insiste-se na escola, na utilização de apenas um tipo de texto, o texto didático, assim expondo o indivíduo ao que há de mais inconsistente, incoerente e incompreensível em matéria de textos.

Aprender a ler não requer nenhum talento especial por parte do aprendiz. Assim todo indivíduo que aprendeu a falar tem, também, em si, desenvolvida a capacidade para aprender a ler e mais que isso desenvolver ao máximo o processo da leitura.

Pode acontecer que um indivíduo decida que não vale a pena o esforço dessa aprendizagem. Ressaltamos várias razoes. Uma delas pode ser uma falta de motivo para aprender a ler, tal como esta prática é concebida.

O indivíduo aprende a ler simplesmente tomando destas universais instâncias de condutas observáveis de leitura e de escrita, fazendo abstrações complexas e generalizando a partir delas. O efeito da escola é maior ou menor segundo ajude ou estorve nesses processos naturais de pensamento e aprendizagem.

O professor mediador da leitura é intérprete de um mundo repleto de aventuras que ajuda aos indivíduos alargarem as fronteiras do seu próprio mundo. Com incentivo ele descobre, que a leitura lhe permite viver experiências diferentes de seu cotidiano; a trama do texto faz-lhe experimentar sentimentos de alegria, tristeza, medo, angústia, encantamento com essas leituras, o adulto ao chegar na escola já tem despertado o desejo de ler, que é o suporte necessário do aprender a ler; previamente à entrada no ambiente escolar, socialmente, a necessidade de ler e uma concepção sobre a leitura são constituídas.


DESENVOLVIMENTO

O ensino tradicional obrigou as crianças a reaprender a produzir os sons da fala, pensando que, se eles ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola, 2009.

Se as crianças podem falar tudo o que escrevem; se a escrita aparece com um mero substituto ou um registro de sua fala, para que dispender esforço para aprender? Logo as crianças que aprenderam que ler pode si tornar um ato prazeroso pensando que vão aprender a ler e a escrever a fim de resolver situações específicas em que a leitura ou a escrita está envolvida, essas crianças são submetidas pela escola a uma análise da escrita.

Acima de tudo, ler significa refletir, pensar estar a favor ou contra, comentar, trocar opinião, posicionar-se enfim, exercer desde sempre a cidadania.

Sabemos que o sistema escolar é concebido de tal forma que se pratica, implicitamente, a seletividade social. Os indivíduos das camadas populares que vão à escola com menos conhecimento da norma padrão e com menos oportunidades anteriores de se envolver em diversos usos da leitura e escrita, não encontram na escola atividades que lhes proporcionem esse conhecimento. Em consequência fracassam em proporções muito maiores na alfabetização do que aqueles indivíduos que já dominam um dialeto mais próximo da norma padrão e já tiveram oportunidades de encontrar a leitura e a escrita. Renovar a prática pedagógica, estimulando a leitura prazerosa, eis um grande desafio.

Temos no presente estudo com o objetivo geral: ressaltar a importância da continuidade e o desenvolvimento de aprendizagem da leitura, tendo em vista torná-la um ato prazeroso no contexto alfabetizador.

Dentre os objetivos específicos citamos: a) Destacar o papel do professor na aprendizagem prazerosa da leitura; b) Sugerir a partir de um referencial teórico, estratégias para despertar nos alunos o prazer no ato de ler.


A LINGUAGEM E A IDEIA DE MUNDO

Como cada indivíduo é o centro do seu próprio mundo, é através da linguagem que colocamos em contato os nossos mundos. O mundo é um conjunto de coisas, de seres reais e abstratos que existem no exterior e que os assimilamos e os introjetamos através das palavras. O limite do nosso mundo vai até o limite das coisas que sabemos que existem, e mais que isso, que estabelecemos um código, ou seja, uma palavra, para identificá-las. È por isso que, por exemplo, para um índio sul-americano, um ornitorrinco, não faz parte do seu mundo, o mesmo se sucede para um nativo australiano cujo boto amazônico não faz parte do mundo dele. Ainda é por este mesmo motivo que em História é muito difícil fazer o aluno entender por que para os europeus no século XIV, a América não fazia parte do “mundo”. E logo vem a pergunta: Professor a América já não estava aqui e os índios também, eles já não existiam? Como não fazia parte do mundo?

A linguagem é o meio pelo qual nos seres humanos estabelecemos um contato com a subjetividade dos outros. Por isso que tendemos a dizer que, cada um é o centro do seu próprio mundo, que cada pessoa é um mundo diferente, portanto ler é interpretar o mundo do outro através da linguagem, é através dela que vemos o mundo dos outros, que mostramos aos outros o nosso mundo interior. Quando lemos estamos indo ao pensamento do outro buscando todos os significados. Quando estamos diante de um livro, as letras nos fazem imergir no mundo do autor, não há nem um espaço rígido e nem um tempo fixo para esta atividade. O hoje pode ser o século XVI ou a Pré-história, o aqui pode ser o Alaska ou o Saara. Ler, é ler o pensamento do outro é entrar no quarto do outro na sala de estar, é literalmente invasão de privacidade. As palavras, os gestos, a escrita, revelam a nossa intimidade. Mostrar para os outros o meu eu, é algo muito complexo, nós seres humanos tendemos a defender o nosso mundo, quando não nos é conveniente dissimulamos, trocamos as palavras, usamos sinônimos, usamos códigos que só aqueles que fazem parte do nosso grupo conseguem decifrar

Se os olhos são a janela da alma, a boca é a porta.”


O PROCESSO DA LEITURA


É preciso compreender, o que é o processo da leitura.

Ler, entendido como a capacidade de extrair significações de símbolos linguísticos arbitrários e visuais, colocados ou produzidos no papel, na pedra ou em qualquer outra substância. Tende a demonstrar que a leitura é a capacidade de extrair significação de chegar ao significado, que esta por trás do significante, de qualquer tipo de representação visual, e que por si reflete o mundo interior de cada indivíduo.

Compreendemos embasados em JONSHON e MYKLEBUST (1964, p.31) que “ler é associar os símbolos impressos ou escritos graficamente (que são percebidos e integrados pela visão) como símbolos auditivos conferindo-lhes um significado.” que a partir daí são introjetados pelo cérebro. No momento da significação ocorre uma simbiose entre o mundo daquele que produziu o texto e o mundo daquele que lê.

Qual a diferença entre falar e ler? Por que os alunos não são levados a refletir sobre isso?

Falar é pronunciar sons correlatos, ou não, com as ideias internas do mundo de quem pensa, ler é internalizar um pensamento, uma ideia.

É interessante que a maioria dos alunos que têm um baixo nível de desenvolvimento de leitura têm o hábito de só ler em voz alta, não conseguindo ler em voz baixa e que quando eles aprendem eles passam a dizer que é uma coisa estranha, por que facilmente eles se perdem na leitura. Sempre os faço uma pergunta intrigante para eles: qual a função da vírgula? A resposta é imediata: para fazer uma pausa na leitura, e lhes pergunto em seguida: Como fazer esta pausa numa leitura silenciosa, se a ideia que eles foram levados a acreditar era que a vírgula era uma interrupção do som, da pronúncia, então lhe explico que a vírgula é uma pausa ou uma quebra no pensamento, ou seja, no raciocínio.

Neste âmbito compreendemos que a complexidade da leitura é o resultado da combinação de inúmeras aptidões que traduzem a hierarquia do desenvolvimento da linguagem, desde o nascimento até a fase adulta.

A leitura envolve uma correlação entre um sinal visual e por conseguinte e um sinal auditivo, ao mesmo tempo em que constitui uma reconstrução de significados, de ideias, de um sentimento e de impressões sensoriais, é neste sentido que ler extrapola decodificar letra, e se amplia tornando-se uma capacidade de perceber o todo; cores formas e tudo que estiver envolvido da decodificação.

Em outros termos a primeira concepção do que entendemos por leitura é uma conexão entre a linguagem falada e as formas escritas de linguagem, isto é, uma tradução das letras impressas em equivalentes sonoros e em significados, algo que com o decorrer do tempo deve ser aperfeiçoado.

Trata-se de um uma primeira etapa do processo cognitivo, em que ao mesmo tempo em que se lê (decodificação visual) se dá um duplo reconhecimento: auditivo e outro significativo ou semântico, que com o transcorrer da vida deve ser melhorado e ampliado.

Para aprender a ler a criança necessita decodificar as letras impressas utilizando uma etapa do processo cognitivo que permite traduzi-las em termos de linguagem falada e em termos de significações linguísticas.

Quando o ensino da leitura acontece de forma inadequada, acarreta um trauma praticamente insuperável que acaba levando os adolescentes a perder o estímulo pelos estudos, pois todas as outras disciplinas dependem fundamentalmente da leitura e interpretação de texto, contribuindo para o empobrecimento da aprendizagem do aluno e por consequência do país como um todo, acarretando a chamada “crise” do ensino brasileiro, pois a leitura é um veículo de aprendizagem, o meio mais estruturado de atingir conhecimento das diversas áreas do saber. O aluno, ao executar a atividade da leitura, passa a conhecer e compreender as realizações humanas registradas de uma outra forma, através de um código linguístico e a aprender com se davam às relações humanas de outros lugares e épocas, podendo, portanto, compartilhar o mundo do outro.

Nos seres humanos temos dois bons motivos para estudarmos em uma sala de aula: aprendermos mais coisas em menos tempo, estes dois motivos se juntam para entendermos o motivo existencial da educação formal, que é o de vivermos por mais tempo, então podemos dizer que ler é existencial para nos seres humanos.

Compreende-se que aprender a ler no sentido amplo é possível e muito natural para todos os seres inteligentes, e se entendermos o termo inteligente como sendo o de gente que intelecta, chegamos a conclusão que todos nos seres humanos somos inteligentes desde que nascemos, e que se nascemos sem nenhum defeito congênito somos seres inteligentes normais, basta partir da realidade da criança e de seu pequeno mundo e convidá-la a falar a respeito. Naturalmente será necessário obter a sua adesão e fazer com que ela se abra, se solte. A fala que brotará dos seus lábios, será sua leitura de mundo. O seu meio de expressão pode variar: a música, o canto, a dança, a expressão corporal, a mímica, o desenho, a pintura. Uma vez que a leitura decodificadora dos signos linguísticos padronizada por um povo é introduzida no seu mundo, a criança terá, por certo, a sua leitura da realidade cada vez mais ampliada conforme a metodologia de ensino aplicada.

Tenho uma vaga lembrança de um dia em que eu deixei de teimar com os adultos e decidi que iria fala. Certa vez passei o dia inteiro sem me alimentar e quando foi a noite não conseguia dormir de dor, meus pais por cansaço dormiram, sem me dar atenção, pela manhã ao encontrar minha mãe pronunciei a seguinte frase: “mida”. Certamente isto deve ter acontecido comigo em relação à leitura. Certo dia por um motivo existencial decidi que iria ser igual aos outros seres humanos e pronto, aprendi a ler.


COMO OS ADULTOS PODEM APRENDER A GOSTAR DE LER


Descreve-se que a criança introduz no seu mundo cognitivo o fantástico, do conto de fadas, quando ainda é muito pequena, bem antes de entrar na escola. Com o passar do tempo serve de estimulante para sua vida escolar.

A criança descobre esse mundo da leitura a partir do momento que ler através de rótulos, placas, avisos luminosos, outdoors, propagandas na TV, ou seja, reconhecendo e decodificando as palavras, e descobre que a leitura é uma convenção dos adultos e que se ela deseja participar do mundo dos adultos, o quanto antes ela aprender melhor será para ela, no sentido da aventura, de um novo mundo a ser descoberto. Esse tipo de perspectiva da leitura desperta curiosidade no jovem leitor, através dela ele pode entrar em uma porta, como aquela do guarda-roupa, que dá acesso a um mundo imaginário e fabuloso, servindo de superestimulo.

Ao contar histórias o silêncio se instala diante de ouvidos curiosos e os olhos que ficam atentos para não perder nenhuma palavra. O contador traz para perto dos leitores, histórias nunca antes reveladas, por serem contadas oralmente.

A partir daí a leitura passa a ser vista como uma fonte de prazer, onde emoção e participação estão sempre presentes. Ficou estabelecida uma comunicação entre leitor e leitura. Esta leitura fala mais próxima aos ouvidos dos leitores.

Contar histórias é compartilhar emoções, é somar leituras, é convidar num primeiro momento, quando a criança ainda não é fluente no prazer de ouvir, histórias em companhia de amigos. Se em casa a criança não tiver usufruído a experiência de ver pais e familiares entretidos na leitura, se pertencer a um ambiente onde absolutamente não há esse hábito, nasce a possibilidade de uma rejeição ao ato da leitura.

Os adultos podem tornar-se bons leitores quando passarem a estar engajados em situações onde a linguagem escrita a elas apresentada seja utilizada de forma significativa, ou seja, através de materiais de leitura que eles possam relacionar com sua experiência e conhecimento prévio, da mesma forma que aprendem a falar convivendo com pessoas que utilizam uma linguagem significativa.

Neste âmbito, quando um adulto não encontra utilidade na leitura, o professor deve fornecer-lhe outros exemplos. Quando um adulto não se interessa pela leitura, é o professor quem deve criar situações mais envolventes. O próprio interesse e o envolvimento do professor com a leitura servem como modelo indispensável, pois, ninguém ensina bem um adulto a gostar de ler se não se é um bom leitor.


LEITURA E SUAS VÁRIAS DIMENSÕES


Segundo Rocco, a leitura é uma atividade permanente da condição humana, uma habilidade a ser adquirida desde cedo e treinada em suas várias formas. Lê-se para entender e conhecer. Lê-se por prazer e curiosidade. Lê-se para aprender e ficar informado. Lê-se para questionar e resolver problemas.

Sendo a mais geral das habilidades, a leitura acaba determinando o sucesso ou fracasso na vida escolar. O mau domínio da leitura cria dificuldades para a escrita nas aulas de Português e também nas de Matemática, pois a compreensão do texto é indispensável para entender o enunciado dos problemas. E nas ciências humanas e exatas, para poder interpretar textos e conceitos. Nem todos os jovens serão leitores habituais para o resto da vida, mas todos deverão estar aptos a ingressar no mundo do trabalho e a exercer plenamente a cidadania o que requer muita leitura e interpretação de textos.

Propõe-se que no mundo da leitura são muitas e diferentes as circunstâncias existentes e por isso as pessoas produzem suas leituras de modo diversificado. Todas as formas de ler são relevantes, devendo ser contempladas.

São muitos os gestos de leitura e diferentes os textos que circulam nas instituições e grupos sociais. Obras teóricas, menos e mais complexas, juntam-se, em estantes de residências e até em bibliotecas escolares, à manuais didáticos. Textos literários refinados acabam convivendo com escritas voltadas ao puro entretenimento. Versões simplificadas de obras que lhe deram vida. Além de revistas, quadrinhos, jornais, os textos que aparecem na mídia eletrônica estreitam mais e mais laços com os produtos tradicionais.

O mundo da leitura tem muitas facetas e para ampliar os limites do próprio conhecimento faz-se necessário buscar diversão e descontração para chegar ao prazer do texto. Prazer que resulta de um trabalho intenso, em diferentes níveis, que se instaura entre o leitor e sua experiência ou conhecimento de mundo. A partir desse conhecimento de mundo o leitor vai adquirindo hábitos e fazendo com que desenvolva leituras diversas.

Esse intercâmbio de leitura e conhecimento é fundamental para um aprendizado qualificado.


CRIANDO O HÁBITO DA LEITURA

Os indivíduos precisam de liberdade para se tornarem leitores. Essa foi a principal lição aprendida pelas professoras da 3ª série do Colégio Evangélico Augusto Pestana, de Ijuí, no Rio Grande do Sul. Duas atitudes fizeram toda a diferença: pela primeira vez os alunos foram troçados por iniciativas mais criativas”. Revista Nova Escola.

Compreende-se que a criança começa a analisar e aprender quando a liberdade passa a ser componente fundamental e indispensável na sua vida e consequentemente tornar-se-á um leitor crítico: capaz de raciocinar suas ideias.

Tomando como exemplo: os alunos da 3ª série do Colégio Evangélico Augusto Pestana, de Ijuí, mudaram a maneira de levar aos alunos o gosto, o hábito pela leitura, levando-os à biblioteca, incentivando-os a inventar histórias e personagens e a debater os livros em classe, tudo com liberdade e escolha, começaram a descobrir o hábito e perceberam que estavam plantando leitores em solo fértil. Uma nova forma de encaminhar as atividades de leitura fez da sala de aula um ambiente natural e propiciou um interesse maior.

As crianças foram separadas em duplas e escrevendo palavras-chave sobre o assunto, com plantas, animais, casa, ar, água, poluição, atmosfera, solo. Reciclagem, lixo e ecologia.

Procuraram livros na biblioteca de escola que tivessem ligação com as palavras anotadas. Demonstravam um grande prazer na atividade, talvez porque estivessem se sentindo, pela primeira vez responsáveis pela escolha.

As duplas trocaram ideias e optaram pela dramatização e os jovens leitores incorporaram personagens. Foram avaliados com sucesso e esse foi o primeiro passo.

O passo seguinte foi a escolha de autores como Ziraldo e Ruth Rocha e cada classe ficou com um deles.

Os alunos adoraram a ideia e passaram a ler outros livros desses autores e outros. Serviu como experiência e estimulante de leitura, onde os focos narrativos, as histórias, os textos produzidos por fatores essenciais.

À medida que a leitura for trabalhada é o que vai fazer a diferença, porque os alunos gostam de escolhas próprias. E o fato do trabalho ter sido desenvolvido a partir do momento que foram à biblioteca incentivou os alunos a outras visitas, oportunizando-os a livre escolha de leitura.

Trabalhando dessa forma os alunos perderam o receio de escrever. Afinal já tinham o mais importante, o personagem.


SITUAÇÕES ESTIMULADORAS DE LEITURA

Como professor pode ensinar a gostar de ler? Para essa tarefa deve-se colocar a liberdade como princípio, ou seja, transformando a leitura numa atividade livre.

O material deve ser selecionado obedecendo a uma gradação e sequência, de acordo com a faixa etária, o gosto e a preferência dos alunos. Junto com a faixa etária e independentemente dela, cumpre levar em consideração o desenvolvimento mental dos alunos. Para facilitar o interesse, a aceitação, o prazer pela leitura, cumpre não esquecer a correlação com o real, o contexto sócio cultual em que vivem.

Além disso, o material deve ser variado, com objetivos que vão fazer sentido (textos para compreensão) a busca de informações ou instruções a seguir.

O conteúdo deve espraiar-se por assuntos variados e atividades múltiplas.

A forma deve diversificar-se no maior número de gêneros possíveis, desde que a organização textual não impeça o acesso. As variedades de linguagem devem estar ao alcance dos jovens leitores, tanto no vocabulário como na gramática. É preciso, porém, que aos poucos, cada texto acrescente algo ao mundo dos alunos.

Neste contexto, os professores nada mais são do que incentivadores e mediadores de leituras.

Selecionados os livros e/ou textos, convém que o professor os releia e reanalise uma vez mais. Como critérios norteadores da escolha, aconselha-se evitar; textos que vinculem erros científicos; textos exclusivamente moralistas e textos eivados de preconceitos raciais e/ou religiosos.

Ressalta-se ainda de acordo com, NUNES, (1996,p:), que em vez de livros fáceis, adote obras engraçadas, dramáticas, envolventes. De autores consagrados. Não se assuste se elas tiverem muitas páginas ou um vocabulário novo para os alunos.

Livros muito simplificados e bobos são pobres de temática e de linguagem, não ocorrendo o envolvimento do aluno.

Além do trabalho realizado em classe deve-se explicar aos alunos que eles devem ter em casa hábito de ler para os filhos, amigos e mesmo os pais e mesmo de contar histórias já lidas para eles.

Compreende-se que ler é fundamental para poder ensinar a ler. Dentre outros meios pode-se ajudar a estimular a leitura como: contar histórias, incentivar a criação e o uso de bibliotecas e cantinhos de leitura na sala de aula, porque na verdade não se forma um leitor em escola sem livros.

Quando se oferece mais que uma opção de leitura deixando por exemplo o aluno escolher o que ele quer ler, ou seja, com o rodízio de livros ou até mesmo se um colega indica, os outros vão querer da mesma forma deixando o aluno livre para que ele leve o tempo que quiser para ler.

Conscientizar-se que a ideia de que o aluno só ler se tiver de fazer provas, exercícios de interpretação de textos ou se preencher fichas que vem dos próprios livros, desista da ideia e em vez de fazer provas, incentivar a classe a escrever pequenos textos comentando as leituras é uma opção que resultados maiores serão obtidos.

1- “[...] a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis.” Luís Fernando Veríssimo – Escrito
2- “O professor deve ser um parceiro na aprendizagem de seus alunos, ser um bom
mediador, se permitir aprender com os conhecimentos de seus alunos e pode refletir sobre a sua prática.” Professora Regina Galvani Cavalheiro-Programa de Formação de Professores Alfabetizadores
3- “Não tratando adequadamente a escrita e a fala na alfabetização, a escola encontrará dificuldades sérias para lidar com a leitura. Afinal a leitura, na sua função mais básica, nada mais é do que a realização do objetivo de quem escreve [...]” Luis Carlos Cagliari Alfabetização e Linguística- p. 08
4- “Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” Paulo Freire

Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa “literacy” que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado, mesmo por que ele só sabe pronunciar os sons das letras do alfabeto, mas que ainda tem extrema dificuldade de pronunciar os sons das sílabas articuladamente no sentido de articular as sílabas para que no todo elas formem uma palavra, e da qual se subtraia o seu significado ou significados. Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever, mas que quando perguntado sobre o significado do que ele escreveu ele não sabe responder, posto que ainda o que ele sabe fazer é reproduzir de forma automática e mecânica os sons das sílabas; letrado é aquele que sabe ler e escrever, mas que já responde parcamente e adequadamente as relações intertextuais das palavras. O leitor é aquele que já responde às demandas sociais da leitura e da escrita, como relacionar as palavras de um texto com outro texto e mesmo entre textos. Alfabetizar letrando, é ensinar a ler e escrever contextextualizando intertextualmente as palavras para que no estágio seguinte o de leituramento, tornando-se um leitor, estabeleça relações com as práticas sociais da leitura e da escrita, assim o educando deve ser alfabetizado e letrado para que ele se torne um leitor pleno. A linguagem é um fenômeno social, estruturada de forma ativa e grupal do ponto de vista cultural e social. A palavra leituramento é utilizada no processo de inserção numa cultura letrada.

Nos Estados Unidos e na Inglaterra, embora a palavra literacy já constasse do dicionário desde o final do século XIX, foi nos anos 80, que o fato tornou-se foco de atenção e de estudos nas áreas da educação e da linguagem. No Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam e se confundem. A discussão do letramento surge sempre envolvida no conceito de alfabetização, o que tem levado, a uma inadequada e imprópria síntese dos dois procedimentos, com prevalência do conceito de letramento sobre o de alfabetização. Não podemos separar os dois processos, pois a princípio o estudo do aluno no universo da escrita se dá concomitantemente por meio desses dois processos: a alfabetização-silabação, e pelo letramento, desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita, onde o educando estabelece relações entre as palavras e o seu mundo interior.

O conhecimento das letras é apenas um meio para o letramento, que é um meio para o leituramento que é o uso social da leitura e da escrita. A etapa do letramento fica bem caracterizado pela atividade do ditado na fase em que o aluno é exigido a reproduzir apenas palavras e não testos. Para formar cidadãos atuantes e interacionistas, é preciso conhecer a importância da informação sobre letramento e não de alfabetização. Ler significa colocar a criança no mundo letrado dos adultos, trabalhando com os distintos usos de escrita na sociedade. Essa inclusão começa muito antes da alfabetização, quando a criança começa a interagir socialmente com as práticas de letramento no seu mundo social. O letramento é social, enquanto que o leituramento é cultural, por isso muitas crianças já vão para a escola com o conhecimento alcançado de maneira informal absorvido no cotidiano. Ao conhecer a importância do ato de ler, que difere do ato de soletra, deixamos de exercitar o aprendizado automático e repetitivo, baseado na decodificação descontextualizada e passamos para a codificação contextualizada.

De acordo com Soares 2004,
Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada (tomando este adjetivo no campo semântico de letramento e de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na língua, este dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias” (Soares 2004).

Neste sentido da linha teórica que a autora usa seria mais correto o conceito de LEITURAMENTO, para se referir a este estágio que o aluno deve atingir no seu processo de desenvolvimento da aprendizagem da leitura e dá escrita.

LEITURAMENTO é direcionar, conduzir a criança ao exercício das práticas sociais de leitura e escrita, é inseri-la no campo das letras em seu sentido e contexto social, é levar a leitura de mundo, e o letramento compreende a decodificação e assimilação dos signos linguísticos; letrar está em inserir a criança na prática da leitura, ou seja, fazer com que se aprenda a ler, mas isso não implica em criar hábito da leitura, pois sabemos que os sujeitos alfabetizados não necessariamente tomam gosto pelo hábito de ler, ou não leem com frequência, dizemos portanto que não basta letrar a criança, é preciso inseri-la no mundo da leitura e que esta leitura se torne a leitura do mundo, é conduzi-la aos diversos tipos de expressões textuais, é capacitar a criança a criar relações com práticas de leitura e escrita, é compreender e questionar, sobretudo fazer , o que já definimos antes, a leitura do mundo a partir de suas práticas sociais.

Há ainda um estágio intermediário entre o alfabetizar, que consiste no reconhecimento das leras do alfabeto na pronuncia destas e o letramento, estagio em o aluno lê e compreende frase completas, mas não consegue entender o conceito de oração, em gramática, que consiste na silabação, em que a criança aprende a articular os sons combinados entre consoantes e vogais. Já o leiturameno é estagio em o aluno já lê e compreende textos completos e não somente orações isoladas, ele já consegue estabelecer relações entre as orações.

Portanto em nossa proposta o processo de leituramento passa pelos seguintes estágios: alfabetização, silabação, letramento e leituramento.

Os Parâmetros Curriculares, destacam que o ensino da linguagem deve ser direcionado a três fundamentos básicos: a leitura, a compreensão e a produção numa relação de contexto social, e para que a alfabetização e o letramento tomem parte do ensino da língua em sua prática social é preciso que se alfabetize letrando. Fica muito claro que o leituramento é o estágio final onde a criança, melhor dizendo o adolescente passa a ler, compreender e produzir textos.

É necessário entender que o leituramento acontece em diferentes contextos sociais e em diferentes etapas da vida do aluno, cada um lê, interpreta o mundo a partir do seu mundo interior. É preciso também entender que a relação de eficácia da construção da alfabetização e do letramento está em criar no aluno já letrado uma visão de leitura do mundo em práticas sociais, e professores e pais são os responsáveis em direcionar a criança nessa leitura de mundo; podemos então compreender que não basta alfabetizar e letrar a criança com relação em somente conhecer a língua, mas tomar posse dela e contextualizá-la em diferentes meios e práticas sociais.

Para tanto, é preciso que pais e professores antecipem a criança num ambiente em que a escrita faça parte de seu meio — como ler para a criança ainda não alfabetizada —, oferecer-lhe sempre livrinhos com gravuras e letras grandes, levá-la a exposições e eventos literários como bienais, bibliotecas, entre outros meios sociais de leitura; na escola é preciso que o professor faça circular diferentes tipos de textos durante suas aulas, e sempre propor atividades de escrita a partir desses textos.

A leitura do mundo precede a leitura da palavra” (Paulo Freire). Ele desloca o conceito de leitura do conceito de palavra e o cola no conceito de mundo com a ideia de interpretação, melhor dizendo de decodificação.

Porém, esse termo causa certa estranheza em quem o ouve. Afinal, o que seria a leitura do mundo? Paulo Freire diz que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Ou seja, antes de uma decodificar palavra, a criança aprender a interpretar, decodificar o mundo, segundo esse preceito, ela já saberia ler implicitamente, mas não as palavras grafadas num livro, por exemplo, mas, a grosso modo, essa pessoa sabe interpretar a decodificar os vários símbolos no seu mundo, mesmo por que existem símbolos em forma de imagens e sons.

Uma questão intrigante, que sempre vem a tona quando eu aplico o método, é no momento de explicar o uso da vírgula. Sempre ocorre um pausa silenciosa longa quando eu pergunto como se faz pausa na leitura silenciosa. Isto ocorre por os alunos confundem ler com pronunciar. Ler é a decodificação e a interpretação mental dos signos linguísticos, já pronunciar é a articulação sonora das letras, das sílabas e das palavras. É lógico que isto acontece por que os pedagogos não tem formação em Linguística.

Primeiro, lê-se o mundo. “Ler o mundo” significa ler os signos: as coisas, os objetos, os sinais, etc. Vejamos o seguinte exemplo: uma criança, que não sabe ler, vê fumaça em abundância saindo de uma janela. Mesmo não sendo alfabetizada, a criança lê o que está acontecendo no mundo – no nosso caso, o signo escrito “fumaça” – e entende que aquilo pode querer dizer, entre outras coisas, fogo. Isso é ler o mundo e é por isso que Paulo Freire diz que essa leitura precede a leitura da palavra. Mesmo não-alfabetizada, a criança entende o que se passa. Ela não precisa ler a palavra “fumaça” ou a palavra fogo” ou, ainda, a frase “Há fogo naquele apartamento”. Posteriormente, quando ela aprender a ler e escrever, ela ligará a imagem à palavra, fazendo uma leitura completa e não apenas uma decodificação. Porém é necessário que ela já consiga interpretar, anteriormente, as figuras, os signos, o mundo.
Dois outros conceitos que causam bastante confusão tanto nos alfabetizadores quanto nos educandos é o de soletração e o de silabação.

De acordo dom o Dicionário Informal, SOLETRAR significa; falar os nomes das letras, letra por letra, até que as letras formem uma palavra. EX: A-BE-A-CE-A-TE-E: Abacate e SILABAR significa; ler destacando as sílabas.

Esta confusão no processo de “alfabetização” dos nossos alunos ficou bem visível no programa Caldeirão do Huck onde existe o campeonato de silabação chamado soletrando.


CONSIDERAÇÕES GERAIS


Nos países desenvolvidos, os novos meios incrementam a leitura, enquanto que nos países em desenvolvimento ela entra em crise. Sua aprendizagem se deteriora e o hábito de ler diminui. Eis um desafio urgente para o professor: como estimular a leitura diante de tantos obstáculos?

Ler é um meio para encontrar resposta de que necessitamos ou um lazer, mais do que ensinar a leitura o necessário é colocar em funcionamento um comportamento ativo, de construção inteligente da sua própria dignidade e cidadania, de significação, motivada por um projeto consciente e deliberado, e isso desde o próprio início das aulas e mesmo depois que elas saiam da escola.

É nesse contexto que defendemos que, só podemos ensinar o processo ensino-aprendizagem a partir de objetivos sociais bem definidos, concebidos para serem lidos e assimilados e não simplesmente para ensinar a leitura, citando como exemplo os jornais, os outdoors, os mapas rodoviários, os poemas, os álbuns, todos os objetos de real leitura, de real prazer.

Para que o professor possa efetivar a termo o processo de aquisição do hábito de ler com prazer, recomendamos uma avaliação constante, observando e registrando todas as relações dos alunos em relação aos textos lidos.

Concordamos com BARBOSA (1991, p.142), que o mais importante é que o jovem leitor progrida na leitura e que encontre prazer e sentido, podem ser verdadeiros parceiros para compreender o que é o ato de ler.

Consideramos oportuno enfatizar que as dicas de leitura no presente trabalho ressaltadas não se pretendem acabadas, apenas pretende ajudar os interessados no tema supracitado a terem um referencial teórico e metodológico de apoio à melhoria da prática educativa.



BIBLIOGRAFIA:

FERREIRO, Emilia. Alfabetização em processo. 19 ed. São Paulo, 2011.

_____________. Com todas as letras. 16 ed. São Paulo: Cortez, 2010.

_____________. Reflexões sobre alfabetização.25 ed. São Paulo: Cortez, 2010.

FERRARO, Alceu Ravanello. História inacabada do analfabetismo no Brasil.São Paulo: Cortez, 2009.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2011.

GARCIA, Regina L. Novos olhares sobre alfabetização. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2008.

JOLIBERT, Josette (Colab.). Formando crianças produtoras de textos.Porto Alegre: Artmed, 2008.

JOLIBERT, Josette; SRAIKI, Christiane. Caminhos para aprender a ler e escrever. São Paulo: Contexto, 2008.

KLEIN, Lígia Regina. Alfabetização: quem tem medo de ensinar? 5 ed. São Paulo: Cortez, 2008.

LABOV, William. Padrões sociolingüísticos.São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

LA TAILLE, Yves. Piaget, Vigotsky, Wallon:teorias psicogenéticas em discussão. 22. ed. São Paulo: Summus, 1992.

SOARES, Magda Becker. Letramento: um tema em três gêneros.2 ed. Belo Horizonte: Autentica, 2004.

SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial de escrita: a alfabetização como processo discursivo. 12 ed. Campinas: Cortez, 2008.

TEBEROSKY, Ana; FERREIRO, Emília. Psicogênese da língua escrita.Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.


LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

AFFONSO, Sarita M. Alfabetização. Estratégia do código ou confronto com a história. Educação e Sociedade, São Paulo, 22, set/dez, 1985. p. 84-92

ALBUQUERQUE, Eliana B. C., MORAIS, Artur G. E FERREIRA, Andréa Tereza B. As práticas cotidianas de alfabetização: o que fazem as professoras? In: Revista Brasileira de Educação. V. 13, n.38. maio/ago 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v13n38/05.pdf
Este artigo apresenta uma pesquisa que analisa como um grupo de professoras do 1º ano do Ensino Fundamental transpõem as "mudanças didáticas" relacionadas à alfabetização para suas práticas de ensino e como "fabricam" suas práticas pedagógicas cotidianas.

ANTUNES, Celso. Alfabetização Emocional. Novas estratégia. Petrópolis/Rj: Vozes, 1999.

____. A alfabetização moral em sala de aula e em casa, do nascimento aos doze anos. Petrópolis/RJ: Vozes, 2001.

ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola, 2009.

BAGNO, Marcos. A norma oculta. Língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola, 2003.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 16ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002, p.12.

BIZZOTTO, Maria Inês; AROEIRA, Maria Luisa e PORTO, Amélia. Alfabetização linguística da teoria à prática. Belo Horizonte: Dimensão, 2009. (Acervo do PNBE do Professor 2010)
Aborda os temas alfabetização e letramento, de forma integrada, com reflexões teóricas, sugestões de atividades práticas e exemplos de produções infantis. Discute sobre o processo de aprendizagem, tendo como referência as teorias de Piaget e Vygotsky.

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, J.C. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora, 1975.

BOURDIEU, Pierre. Você disse “popular”?. Revista Brasileira de Educação. n. 1, p. 16-26, jan-abr. 1996.

BRITO, Luiz P. L. Com todas as letras, para todos os nomes letramento e participação social. In: Ferreira, N. S. A. (org.) Leitura: um cons/certo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003.

CÓCCO, Maria Fernandes. ALP – Análise, Linguagem e Pensamento: um trabalho de linguagem numa proposta socioconstrutivista. São Paulo: FTD, 1995.

COOK-GUMPERZ, Jenny (Org.). A construção social da alfabetização. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

CORRÊA, M. L. G.; BOCH, F. Ensino de língua: representação e letramento. Campinas: Mercado de Letras, 2006.

COSCARELLI, C. V.; RIBEIRO, A. E. Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

CUNHA, Eugênio. Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade. Rio de janeiro: WAK Editora, 2011.

DURAM, Marília Claret Geraes. “Alfabetização: Teoria e Prática”. 1987, pg. 52.

FARACO, Carlos Alberto. Escrita e Alfabetização. São Paulo/SP: Contexto, 2001.

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

FREIRE, PAULO. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1991.

FREIRE, Paulo; MACEDO, Donaldo. Alfabetização, Leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro/RJ: Paz e Terra, 1990.

FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. São Paulo/SP: Cortez, 2001.

____. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo/SP: Cortez, 2001.
____. “Reflexões sobre Alfabetização”. Tradução Horácio Gonzáles, 25 Edição Atualizada – São Paulo: Cortez, 2000 – (Coleção Questões da nossa Época, v. 14)

____. Alfabetização em processo. São Paulo, Cortez, 1985.

____. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1992.

GARCIA, Regina Leite. A formação da professora alfabetizadora: reflexões sobre a prática. São Paulo/SP: Cortez, 1998.

GONÇALVES, A. V.; PINHEIRO, A. S. Nas trilhas do letramento: entre teoria, prática e formação docente. Campinas: Mercado de Letras, 2011.

GOULART, C. M. A. Letramento e polifonia: um estudo de aspectos discursivos do processo de alfabetização. Revista Brasileira de Educação. São Paulo, nº18, p. 5-21, set/dez. 2001.

KATO, Mary. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística. São Paulo: Ática, 1986.

KLEIMAN, Ângela. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1995.

KLEIMAN, Angela & SIGNORINI, Inês (Org.). Os significados do letramento. Campinas – SP: Mercado das Letras, 1995.

KLEIN, Lígia Regina. Alfabetização: quem tem medo de ensinar? São Paulo/SP: Cortez, 2002.

______; MATENCIO, M. de L. M (Org.). Letramento e formação do professor: práticas discursivas, representações e construção do saber. Campinas: Mercado de Letras, 2005.

LACERDA, Mitsi Pinheiro de. Quando falam as professoras alfabetizadoras. Rio de Janeiro/RJ: DP e A, 2002.

LEAL, Antônio. Fala Maria Favela: uma experiência criativa em alfabetização. São Paulo: Ática, 2001.

LEAL, Telma Ferraz; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de.; MORAIS, Artur Gomes de. Letramento e Alfabetização: pensando a prática pedagógica. In: Org. BEAUCHAMP, Janete; PAGEL, Denise; NASCIMENTO, Aricélia R. Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão de seis anos de idade. Brasília: MEC/SEB, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/ensifund9anobasefinal.pdf
O artigo traz discussões sobre alfabetização e letramento e aponta a importância de não deixar para os anos seguintes o que se deve assegurar desde a entrada das crianças, aos seis anos, na escola.

LEITE, S. A. S. (Org.) Alfabetização e letramento: contribuições para as práticas pedagógicas. Campinas: Komedi/Arte Escrita, 2001.

LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. São Paulo/SP: Ática, 2002.

LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: O real, o possível e o necessário. Porto Alegre:Artmed. 2002.

MACIEL, Francisca Izabel Pereira e LÚCIO, Iara Silva. Os conceitos de alfabetização e letramento e os desafios da articulação entre teoria e prática. In: CASTANHEIRA, Maria Lúcia, MACIEL, Francisca e MARTINS, Raquel (orgs.) Alfabetização e letramento na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica Editora: Ceale, 2008. (Acervo do PNBE Professor 2010)
Esse texto tem o objetivo de refletir sobre as relações entre o processo de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, considerando a discussão recente sobre alfabetização e letramento.

MAIA, Marcus A.R. (2007). Manual de Linguística: subsídios para a formação de professores indígenas na área de linguagem. Brasília: Ministério da Educação e Cultura (MEC/SECAD), 2007, v.5000. p.268.

MARINHO, Marildes; CARVALHO, Gilcinei Teodoro (Org.). Cultura escrita e letramento. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Letramento e oralidade no contexto das práticas sociais e eventos comunicativos. In: Investigando a relação oral/escrito e as teorias do letramento. Campinas – SP: Mercado das Letras, 1991.

MEDEIROS, Mário and BEZERRA, Edileuza de Lima. Contribuições das neurociências ao processo de alfabetização e letramento em uma prática do Projeto Alfabetizar com Sucesso. Rev. Bras. Estud. Pedagog. [online]. 2015, vol.96, n.242, pp. 26-41. ISSN 2176-6681. http://dx.doi.org/10.1590/S2176-6681/316512801.
Destaca contribuições das neurociências à compreensão dos processos neurocerebrais envolvidos no ensino-aprendizagem e mostra como essas contribuições podem ser utilizadas em associação com a teoria de Aprendizagem Significativa de Ausubel (2002) e com a Psicogênese da Língua Escrita de Ferreiro e Teberosky (1979). Defende a necessidade de familiarizar os profissionais da educação com conhecimentos referentes a esses processos para conduzir à melhoria do desempenho acadêmico vigente na maioria de nossas escolas.

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática. São Paulo: Parábola, 2010.

OLIVEIRA, M. K. Analfabetos na sociedade letrada: diferenças culturais e modos de pensamento. Travessia, 1192, p. 17-20.

OLSON, David R. O mundo no papel: as implicações conceituais e cognitivas da leitura e da escrita. São Paulo: Ática, 1997.

PELEGRINI, Denise. Em entrevista a “Nova Escola On-line”. Edição nº. 162, maio de 2003.

PICOLLI, Luciana; CAMINI, Patricia. Práticas pedagógicas em alfabetização: espaço, tempo e corporeidade. Porto Alegre: Edelbra, 2012.
As autoras apresentam, de forma bem didática, elementos sobre como a criança aprende a escrita alfabética e formulam propostas de práticas pedagógicas de alfabetização, organizadas sob as temáticas tempo, espaço e corporeidade.

POSSARI, Lúcia Helena Vendrúsculo; NEDER, Maria Lucia Cavalli. Fascículos de Linguagem vol.1,2,3,4,5,6. – O ensino, o entorno e o percurso. Cuiabá: UFMT, 2005.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. São Paulo: Mercado de Letras, 1996.

RIBEIRO, Vera Masagão. Letramento no Brasil. São Paulo: Global, 2003.

ROJO, Roxane, Alfabetização e letramento: perspectivas linguísticas. São Paulo: Mercado de Letras, 2005.

______. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola, 2012.

SANTOS, Carmi Ferraz e MENDONÇA, Márcia. Alfabetização e Letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. Disponível em: http://www.ceelufpe.com.br/e-books/Alfabetizacao_letramento_Livro.pdf
Este livro traz um conjunto de textos de autores diversos que abordam esses conceitos, suas relações com a escolarização, o trabalho com os gêneros textuais na escola, inseridos na perspectiva de alfabetizar letrando.

SCLIAR-CABRAL, Leonor. Princípios do sistema alfabético do português. São Paulo: Contexto, 2003.

SILVA, M. Elson. Um estudo etnográfico de uma alfabetizada e sua relação com o letramento. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação da UnB, 2002.

SOARES, Magda. Alfabetização no Brasil: o estado do conhecimento. São Paulo: Educ/PUC, 1990.

______. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2003.

______. A reinvenção da alfabetização. .Revista Presença Pedagógica. Disponível em http://www.presencapedagogica.com.br/capa6/artigos/52.pdf
A autora postula a necessidade de, ao "alfabetizar letrando", retomarmos um ensino sistemático de alfabetização, no qual a escola reconquiste a explícita intencionalidade de ensinar a escrita alfabética, equivalente à faceta linguística do processo de alfabetização.

______. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

______. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1986.

______. Produtividade do ensino superior. Brasília: MEC, 1972.

______. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.

______. Metamemória, memórias: travessias de uma educadora. São Paulo: Cortez, 1991.

______. Português: uma proposta para o letramento. Livro 1. São Paulo: Moderna, 1999.

______. Português através de textos: 2ª. série. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1967.

______. Novo português através de textos: comunicação e expressão, 5. São Paulo: Abril, 1982.

______. Comunicação e Expressão: O ensino da Língua Portuguesa no 1º Grau. Cadernos da PUC, Belo Horizonte, n. 7, p. 11-38, 1974.

______. As muitas facetas da alfabetização. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 52, p. 19-24, fev. 1985.

______. Curriculum Vitae. Belo Horizonte, 2009. (Digitado).

______. Dados biográficos. Belo Horizonte, 2010. (Digitado).

______. Currículo do sistema de currículo Lattes. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Plataforma Lattes, 2003. Disponível em: < http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4787265J6>. Atualizado em: 18 nov. 2003. Acesso em: 10 jan. 2010.

SOARES, Magda em reportagem.“De quem para quem, texto apresentado em uma mesa redonda do III cole”. Campinas, 1984.

SOARES, Magda Becker. O que é letramento e alfabetização. Disponível em www.moderna.com.br/moderna/didáticos/ef1 artigos 2004. Acesso em 22Out 2008

SIMÕES, Vera Lucia Blanc. Histórias infantis e a aquisição de escrita. Disponível em www.scielo.br/scielo.php. Acesso em 23/10/2008.

SOUZA, Ana Lúcia Silva. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: hip-hop. São Paulo, Parábola, 2011.

TFOUNI, L.V. Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez,1995.

VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos Processos Superiores. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 1998-2003


ANEXOS


PRÁTICA


1 – Leitura de exploração – preguiçosa

Observar as figuras e imaginar do que se trata o texto

- Ler os tópicos e as legendas e relacionar com os textos.- Ler o parágrafo em que estiverem as palavras grifadas: em itálico, negrito e sublinhadas.

2 – Leitura compartilhada: O professor lê e os alunos fazem a pontuação.

- Com a sala de aula dividia ao meio o professor faz as equipes alternarem a leitura e a pontuação.

- O professor divide a sala por fila e alterna a leitura e a pontuação com a fila.

- Se for possível o professor divide a sala em filas para elas alternarem a leitura e a pontuação.

3 – Inverter – Primeiro a leitura compartilhada, depois a leitura preguiçosa.

OBS. O professor escolhe um guia para a leitura, este faz a pontuação e a leitura continua por fila, depois da última fila, o guia lê e a turma faz a pontuação, o professor deve fazer a avaliação desde.

4 – Ditado – O professor lê e os alunos copiam. Deve-se exigir o máximo de atenção, os alunos não podem pedir para repetir, nem perguntar: O que? Para não atrapalha a concentração, o professor oriente que se deve ter o máximo de atenção, e que eles copiem as primeiras palavras que ouvirem, sem tentar memorizar todo o trecho. O professor deve trabalhar no início com períodos curtos, o ideal é que o primeiro de nove a quinze palavras, e assim ir aumentando o tamanho do período, da seguinte forma.

Ditado 3x3

Ditado 5x5

Ditado 10x10

Ditado 15x15


5 – Superditado

- O professor lerá um texto que tenha de 45 a 60 palavras, pausadamente, de um texto que os alunos já tenham estudado., pedindo que eles anotem aleatoriamente, após a leitura, os trechos que eles acharam mais interessantes ou que façam mais sentido para eles, o professor dará um tempo de 10 minutos, para que eles anotem e conversem entre si, o professor dividirá a turma em equipes, por exemplo de 15, depois de 10, de 5 e de 3 alunos.

- O professor fará o mesmo, agora com um texto de um capítulo novo.

- O professor fará o mesmo das outras duas fazes, agora, individualmente por aluno.


6 - Avaliação

Avaliação pesquisada resolução do exercício do capítulo.

Avaliação pesquisada em círculo.

Avaliação pesquisada em equipe – 4 alunos

Avaliação pesquisada em equipe – 2 alunos

Avaliação pesquisada – 1 aluno

Avaliação pesquisada de questionário.

Avaliação pesquisada em círculo.

Avaliação pesquisada em equipe – 4 alunos

Avaliação pesquisada em equipe – 2 alunos

Avaliação pesquisada – 1 aluno


7 - PROVA


1. Avaliação s/pesquisa em círculo.

2. Avaliação s/pesquisa em equipe – 4 alunos

3. Avaliação s/pesquisa em equipe – 2 alunos

4. Avaliação s/pesquisa – 1 aluno


8 - Apresentação de equipes.

Leitura de trechos ou tópico do capítulo. (nota em equipe).

Leitura de resumo dos tópicos. Cada aluno faz u seu resumo - (nota em equipe).

Leitura de resumo do tópico. (nota individual).

Leitura de resumo do capítulo. A equipe faz o resumo - (nota em equipe).

Leitura de resumo do capítulo. O aluno faz o resumo - (nota em equipe).


9 - Apresentação de trechos ou tópico do capítulo. – o aluno lê e depois comenta (nota em equipe).

Apresentação de resumo dos tópicos . – O aluno lê e depois comenta - Cada aluno faz u seu resumo - (nota em equipe).

Apresentação de resumo do tópico. – O aluno lê e depois comenta (nota individual).

Apresentação de resumo do capítulo. – O aluno lê e depois comenta - A equipe faz o resumo - (nota em equipe)

Apresentação de resumo do capítulo. – O aluno lê e depois comenta - O aluno faz o resumo - (nota em equipe).


10 - MEMORIZAÇÃO - Apresentação de trechos ou tópico do capítulo. s/ leitura. (nota em equipe).

Apresentação de resumo do tópico. – s/leitura -(nota individual).

Apresentação de resumo do capítulo. – s/leitura - A equipe faz o resumo - (nota em equipe).

Apresentação de resumo do capítulo. – s/leitura - O aluno faz o resumo - (nota individual).


ROTEIROS:

ROTEIRO PARA FICHAMENTO E RESUMO DOS CAPÍTULOS

PASSOS:

Copiar a introdução e o primeiro parágrafo dos tópicos;

Copiar a introdução o primeiro e o último parágrafo dos tópicos, copiar o último parágrafo na íntegra;

Copiar a introdução e resumir os parágrafos dos tópicos, fazendo referência às palavras em destaque.

Fazer um esquema sintético do capítulo no estilo esquema de aula.

ROTEIRO PARA LEITURA PREGUIÇOSA

PASSO:

Visualizar todas as imagens do texto.

Visualizar todas as imagens do texto e ler todas as legendas e referências;

Ler a introdução e o primeiro parágrafo de todos os tópicos;

Ler a introdução, o primeiro e o último parágrafo dos tópicos e o último tópico integralmente; ler todos os parágrafos que contiverem palavras em destaque.

Fazer a leitura integral do capítulo.


ROTEIRO PARA RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS

PASSOS:

Ler as questões do exercício;

Fazer leitura preguiçosa 1, 2 e 3;

Localizar nos tópicos onde estão as respostas das questões;

Recortar dos tópicos as possíveis respostas;

Resumir com suas palavras as respostas das questões.

ROTEIRO PARA TRABALHOS E PESQUISAS

PASSOS:

Procurar o significado dos conceitos no dicionário

Pesquisar em um livro didático

Pesquisar em uma enciclopédia

Pesquisar em um livro específico da biblioteca

Pesquisar na internet