A
Potencialidade da Educação Não-formal a sua Relação com o
Currículo Oculto, e em articulação com o Conselho Escolar, a Comunidade Escolar e a Sociedade Civil.
Ojr.
Bentes
INTRODUÇÃO
Para entendermos as
práticas comunicacionais como elementos fortalecedores de práticas
democráticas é preciso perceber suas relações intrínsecas com
aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos, éticos. As
relações entre práticas e espaços comunicacionais e culturas são
férteis para a produção de práticas pedagógicas nas quais
estejamos atentos ao respeito às diferenças e à portabilidade como
elementos do direito à educação. Também, é importante perceber
as relações interculturais como fortalecedoras de ambientes
multiculturais, como possibilidades em evidenciar a integração
entre diversos campos do saber, assim como, do respeito às múltiplas
vozes e culturas. Enfim, instrumentos para a consolidação da
democracia e da compreensão da escola como espaço formativo. Neste
sentido, duas questões emergem do estudo das práticas e espaços de
comunicação na escola: em que medida essas práticas e espaços de
comunicação podem contribuir para a consolidação da gestão
democrática e da participação social e política da comunidade
escolar? Como a atividade profissional do coordenador pedagógico
pode contribuir nesse sentido e, consequentemente, para o sucesso da
aprendizagem dos envolvidos?
DESENVOLVIMENTO
Os diferentes ambientes
comunicacionais oferecem espaços de sociabilidade, à produção e
circulação de informações e de conhecimentos fornecem material
para a compreensão da realidade mas também fornece a base do
discurso dos agentes políticos escolares, porém por outro lado
possibilitam a participação social, não só de alunos mas como de
toda comunidade escolar. Neste sentido, as práticas comunicacionais
possibilitam a dinamização dos ambientes educativos e promovem a
produção e circulação de informações e conhecimentos,
favorecendo a participação ativa da comunidade escolar, bem como a
constituição do princípio democrático como estruturante do
trabalho pedagógico e da gestão escolar.
CONCLUSÃO
Articular a educação,
em seu sentido mais amplo, com os processos de formação dos
cidadãos, ou articular a escola com a comunidade escolar de uma
cidade é um sonho, uma utopia, mesmo por que isto depende da
centralidade que esta sociedade tenha da sua cultura, da cultura do
país e da cultura que hoje, a partir do Edgar Morin, de cultura
planetária, em seu famoso trabalho: Sete Sabres para uma Educação
Planetária, mas também uma urgência e uma demanda da sociedade
atual. Por isso trabalhamos com um conceito amplo de educação que
envolve campos diferenciados, da educação formal, informal e
não-formal. Acreditamos que propostas se fazem com ideias e
fundamentos; por isso, dedicamos a primeira parte do texto a
qualificação e diferenciação de um conceito que tem centralidade
no tema que estamos discutido, qual seja: a importância da educação
não-formal.
Reiteramos neste texto a
perspectiva que aborda a educação como promotora de mecanismos de
inclusão social, “Educação não-formal tem tudo a ver com
currículo oculto.” Entende-se por inclusão as formas que promovem
o acesso aos direitos de cidadania, que resgatam alguns ideais já
esquecidos pela humanidade, como o de civilidade, tolerância e
respeito ao outro; contestam-se concepções relativas às formas que
buscam, simplesmente, integrar indivíduos atomizados e
desterritorializados, em programas sociais compensatórios.
A gestão compartilhada
em suas diferentes formas de conselhos, colegiados etc. precisa
desenvolver uma cultura participativa nova, que altere as
mentalidades, os valores, a forma de conceber a gestão pública em
nome dos direitos da maioria e não de grupos lobbistas. Isso implica
a criação de coletivos que desenvolvam saberes não apenas
normativos - legislações, formatos de aplicação de verbas etc.,
embora esses itens também sejam importantes, dado o papel dos fundos
públicos no campo de disputa política em torno das verbas públicas.
É preciso desenvolver saberes que orientem as práticas sociais, que
construam novos valores, aqui entendidos como a participação de
coletivos de pessoas diferentes com metas iguais. Isto tudo está no
campo da educação não-formal.
Concluímos este texto
com uma proposta de caráter sociopolítico: a de transformar as
escolas em centro de referências civilizatórias nos bairros e nas
comunidades onde se localizam. Para isso propomos a articulação dos
processos de participação da sociedade civil organizada com as
escolas, principalmente e fundamentalmente com os centros
comunitários muito desarticulados em nossa cidade. Propomos, em
suma, a articulação da educação formal com a não-formal para dar
vida e viabilizar mudanças significativas na educação e na
sociedade como um todo.
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para
publicação em: 13/02/2006
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