quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Sobre a Estrutura Social – Radcliffe Brown



"Radicliffe-Brow fala que intimamente relacionada com a concepção de estrutura social está relacionada a concepção de "personalidade social" como posição ocupada pelo ser humano numa estrutura social, o complexo formado por todas as suas relações sociais com outros. Ele diz que todo ser humano que viva numa sociedade é duas coisas: indivíduo e pessoa."

Sobre a Estrutura Social – Radcliffe Brown 

Vídeo 1 - Estrutura social explicada com muita didática e inteligência.

 

Texto Base 1. Estrutura Social - Radcliffe Brownpor: Aurélio Cassiano. In: http://antropologiauecegrupo1.blogspot.com/2012/05/estrutura-social-radcliffe-brown.html


Texto Base 2. Resumo do Capítulo X: Sobre Estrutura Social, Livro ESTRUTURA E FUNÇÃO NA SOCIEDADE PRIMITIVA - RADCLIFFE-BROW, por Ronaldo César Meirelles Cardoso. In: http://jardim-suspenso.blogspot.com/2011/04/capitulo-sobre-estrutura-social.html

Texto base 3. Cap. X – SOBRE A ESTRUTURA SOCIAL - Radcliffe Brown, por Rubens Gabriel Júnior. In: https://pt.scribd.com/document/106831918/Cap-X-SOBRE-A-ESTRUTURA-SOCIAL-Radcliffe-Brown

Texto base 4. Estrutura e Função na Sociedade Primitiva - RADCLIFFE-BROWN, por Ojr Bentesin: https://ojrbentes.blogspot.com/2018/11/estrutura-e-funcao-na-sociedade.html


SLIDE 1 para apresentações: Estrutura e organização social. In: https://slideplayer.com.br/slide/1251807/

 


O autor inicia o capítulo criticando Malinowski, afirma ser ele o inventor de uma Escola Funcional que não existe, para discutir sobre funcionalismo. Ele define a Antropologia Social como sendo a ciência teórico-natural da sociedade humana, isto é, a investigação dos fenômenos sociais por métodos essencialmente semelhantes aos empregados nas ciências físicas e biológicas. e critica os antropólogos que dizem ser impossível aplicar aos fenômenos sociais os métodos teóricos das ciências naturais. “Para essas pessoas a antropologia social, tal como a defini, é algo que não existe e nunca existirá.” (p.233). Sua analogia é a de uma colmeia, onde as abelhas operárias e os demais trabalham em conjunto formando uma série de rede de relações, uma gata e seus filhotes, uma série de relações de parentesco,, lembrando que todos estes exemplos forma-se no que Radcliffe-Brow fala de função social, as abelhas juntas tem a função de cultivar o mel, ventilação da colmeia, proteção da abelha rainha, cuidados com os ovos e outras séries de funções; assim como a gata e seus filhotes também desempenham seus papeis e funções. 

Radcliffe-Brow alerta que estudar estruturas sociais não significa estudar relações sociais, como alguns sociólogos definem. Assim como ele diz que determinada relação social entre duas pessoas, a menos que sejam Adão e Eva no Jardim do Édem, só existe como parte de uma ampla rede de relações sociais, implicando muitas outras pessoas, e é esta rede que ele considera objeto de investigações, Portanto ele diz que estruturas sociais é um todo, o qual ele chamou em outro capítulo de "todo coerente" as relações sociais são entre as pessoas, sejam como o exemplo da gata, por marido e mulher, pelo sistema de parentesco, pelo patrão e empregado. Logo vários conjuntos de relação sociais, implica-se num resultado maior, ou seja um complexo chamado de estrutura social. "O todo é maior que a soma das partes."

SLIDE 2 - Módulo 4: Funcionalismo (Estrutural). In: https://slideplayer.com.br/slide/7944255/


Vídeo 2 - Aula 7: processo social em Radcliffe-Brown



Vídeo 3 - Antropologia Funcionalista



Os casos que consideram-se parte da estrutura social são dois. Em primeiro lugar são as relações de pessoa a pessoa, ou seja, a relação didática, entre família, dada por sistema de parentesco, como ele dá o exemplo nas tribos aborígenes australianas, onde toda a estrutura social era estabelecida através de conexões genealógicas. Em segundo lugar é a diferenciação dos indivíduos por classe e seu desempenho social, como o caso de empregadores e empregados, chefes e comunitários. Estes é o que ele chama de determinantes das relações sociais.

Com uma forte influência durkeimiana, Radclife-Brown, adota como objeto de estudo da Antropologia Social a Estrutura Social, como teoria fundamental  para se entender o funcionamento da sociedade, utilizando-se de métodos semelhantes aos das ciências físicas e biológicas para compreender  as relações de associações entre organismos individuais. Para Brown o conceito de Estrutura Social é o mais adequado para se compreender a realidade concreta, já que este conceito, segundo ele, nas observações diretas pode-se perceber que existe de fato uma correlação entre o conceito e a realidade, onde a estrutura social mostra-se ocupar de maneira consistente dos fenômenos sociais.

 Vídeo 4 - Sociologia - Radcliffe-Brown (Estrutura Social) - 1 In: https://www.youtube.com/watch?v=-iMguOHnHhk

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Brown afirma que para a Antropologia interessa-se pelos seres humanos, já para a Antropologia Social, o que interessa são as formas de associação que se encontram entre os seres humanos. O estudo da estrutura social, diz ele, é parte fundamental da Antropologia Social. Os fenômenos sociais de qualquer sociedade humana não são resultado imediato da natureza dos seres humanos tomados individualmente, mas conseqüência da estrutura social pela qual estão unidos.

Brown define Estrutura Social como, sendo a rede de relações complexa que cria laços entre os seres humanos. Essas relações se dão em um todo integrando, o qual ele chamou-o de Organismo Social, fazendo uma analogia com o organismo dos seres vivos, estudado nas ciências naturais. Em outras palavras, a estrutura social é estabelecida por uma série de relações sociais entre os indivíduos, em um todo integrado  de maneira organizada, com a finalidade de garantir a estabilidade (coesão social) e a sobrevivência  de um determinado grupo ou de uma determinada sociedade.

Todas as relações de pessoa a pessoa são parte da estrutura social, juntamente com a diferenciação de indivíduos e classes por seu desempenho social. A ciência não se interessa pelo particular, e sim pelo geral. Sociedades são formadas por indivíduos que mudam constantemente, uns saem da comunidade, outros entram, mas a essência, a forma estrutural da sociedade pouco muda, é quase constante.

Neste pensamento, o autor diz que o ser humano como pessoa é um complexo re relacionamentos sociais. É cidadão da Inglaterra, marido e pai, pedreiro, membro de determinada congregação metodista, votante em determinado partido, membro de seu sindicato, adepto do Partido Trabalhista etc. Ela chama atenção para que cada uma dessas descrições refere-se a um relacionamento social, ou a certo lugar na estrutura social.

O autor faz aqui uma diferenciação entre indivíduo – objeto de estudo da Fisiologia – e pessoa – objeto de estudo da Antropologia Social. Após esse esclarecimento ele anuncia o método adotado: a combinação de um profundo estudo das sociedades simples com a comparação sistemática de muitas sociedades. Nesse momento Brown ilustra que toda espécie de fenômeno social deve ser estudada em relações diretas e indiretas com a estrutura social, ele cita a linguagem, a vida social, o direito, a magia e a bruxaria.

Ele considera dois aspectos relevantes para se caracterizar o termo “estrutura social”. São eles:

a.    As relações sociais de pessoa a pessoa, como por exemplo, a relação de parentesco, estudado pelo próprio ele mesmo.

b.    A diferenciação de indivíduos e de classes  e seu papel social.

Na concepção browniana  nos estudos de estrutura social, a realidade concreta que se deve apreender é o conjunto de relações existente sincronicamente  que cria laços entre  os seres humanos, formando assim uma rede complexa de relacionamento integrado dentro de um organismo social.

Para Brown, assim como nos seres vivos que há um dinamismo em sua estrutura orgânica, na vida social não é diferente. Ele afirma que na sociedade existem duas formas estruturais na realidade concreta: a estrutura real social,que pode sofrer transformações de ano para ano ou de dia para dia, quando, por exemplo, novas pessoas ou grupos de pessoas entram na sociedade por via de nascimento ou imigrações, ou saem por via de mortes ou emigrações, sendo esta o núcleo mais flexível e menos coeso da sociedade e que pode trazer maiores dificuldades ao antropólogo, no que se refere ao seu trabalho de campo. E por outro lado, a forma estrutural geral, cuja, transformações se dão de forma lenta, sendo esta o nível mais coeso e mais sólido da sociedade, e que pode gerar menos dificuldade ao antropólogo, no que se alude às observações dos fenômenos sociais, e consequentemente a coleta de dados.

Para Brown, a vida social e o funcionamento da estrutura, são fatores primordiais para a continuidade e a manutenção da estrutura social. Este funcionamento se daria por intermédio de atividades, as quais ele definiu como sendo, um processo realizado por um ou mais unidades sociais, com o objetivo de manter as condições necessárias de existência do organismo social. Está correlação, Brown denominou-a de “função”.
Para Radcliffe Brown, o estudo da estrutura social leva ao estudo de interesses ou valores como determinantes das relações sociais, prova disso é a cooperação de duas pessoas quando seus interesses são comuns. Há a discussão acerca da palavra “função”, que para ele deve ser complementada: função social. É acionada também a questão de “sociedades compósitas”, que o próprio autor revela ser difícil e complicado. Outra questão é a do “progresso” – processo pelo qual os seres humanos adquirem maior controle sobre o meio físico mediante o aumento de conhecimento e aperfeiçoamento da técnica pelas invenções e descobrimentos.

A “evolução”, para o autor, representa o processo de surgimento de novas formas de estrutura, a evolução social é uma realidade que o antropólogo social deve reconhecer e estudar. “... o processo de história humana que se poderia chamar de evolução social, a meu ver apropriadamente, poderia ser definido como o processo pelo qual sistemas de grande amplitude de estrutura social engendraram ou substituíram sistemas menores.” (p.251).

O método adotado por Brown na antropologia social, o método comparativo, empregado por Durkheim na sociologia. Segundo Brown, a comparação entre sociedades seria importante ao antropólogo, no sentido de conhecer as semelhanças e as diferenças entre elas.


Fonte Bibliográfica:

MALINOWSKI, Bronislaw  e Brown Radcliffe. História da  Antropologia. Editora Vozes,  2010 4 Ed, Petrópolis  RJ

BROWN, Radcliffe. Antropólogos e Antropologia. Adam Kuper (organizador), 1978. Rio de Janeiro, F, Alves.

BROWN, Radcliffe. Sobre o Conceito de “Função”  em Ciências Sociais, Estrutura Social. Extraído de : PIERSON, Donald. 1970, São Paulo.  Estudos de Organização Social – Tomo II: leituras de sociologia e antropologia social.


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