terça-feira, 11 de julho de 2017

As técnicas do corpo - Marcel Mauss



Texto base: As técnicas do corpo.

Esse evento foi um relato de um refugiado sírio que se denominava Kaled Arabi, que não é o seu nome original, mas sim uma forma de esconder seu nome original e de sua família, que ainda se encontra na Síria sofrendo retaliação do Estado Islâmico.
Khaled saiu de Dubai onde cursava um doutorado, quando a guerra civil se instaurou na Síria. Dubai não aceitou refugiá-lo, e ele não queria voltar para a Síria, logo ele tomou rumo pela Europa até decidir se refugiar no Brasil. Quando perguntado quanto a quem estava certo na guerra, ele respondeu que numa guerra ninguém está certo, todos estão errado.

O palestrante descreveu a situação de seu país da seguinte maneira: A Síria, diferentemente, de como a mídia faz parecer, era um país rico, como uma ótima qualidade de vida, um custo de vida baixo e com uma educação gratuita e de qualidade. A Síria vive um governo que a década vem passando de mão em mão dentro de uma mesma família, uma ditadura. Durante a chamada Primavera Árabe, formou-se um conflito entre o estado ditador e um grupo de revulucinários.


Durheim
Mauss
Dedutivo
Indutivo
Conformação
Enformação
Introjeção
Apreensão
Sagrado
Profano




Em As técnicas do corpo (1934), comunicação apresentada à Sociedade de Psicologia, o antropólogo francês Marcel Mauss (1872-1950) trata de um domínio até então nublado pela noção tradicional de tecnologia, entendida como instrumento envolvido no ato de manipulação. Às técnicas dos instrumentos, Mauss opõe um conjunto de técnicas do corpo, ao qual confere um papel preliminar: o corpo é o primeiro instrumento do homem, e ainda, o primeiro objeto e meio técnico do homem. Atribuindo à noção de técnica o que chama de ato tradicional eficaz, Mauss afirma não existir técnica nem transmissão se não houver tradição. Técnicas do corpo referem-se então aos modos pelos quais as pessoas sabem servir-se de seus corpos de maneira tradicional, o que varia de uma sociedade a outra.
Bio – Psico – Social - Cultural
Corpo – Mente (alma) – Sociedade – Cultura
10 – 100 – 1000 – 1 milhão


Ao analista, segundo ele, caberia partir do estudo e descrição detalhada das técnicas do corpo em diferentes contextos, de modo a alcançar o conceito abstrato e constituir uma teoria da técnica do corpo. De modo a localizar o caráter específico de cada técnica corporal, ele parte da observação das mudanças presenciadas por sua geração, por exemplo, nas técnicas de nado, e nos seus modos de ensino e aprendizagem: enquanto em um momento aprendia-se, primeiro, a nadar e depois a mergulhar, posteriormente ensina-se, antes, a mergulhar e a familiarizar-se com a água para, depois disso, nadar. Este e outros exemplos amparam a afirmação feita pelo autor de que cada sociedade possui hábitos próprios, que são de natureza social, variando não apenas de um indivíduo a outro, mas com as formas de educação e convenções sociais. Neste sentido Mauss prefere o termo habitus (em latim) a hábito, pois ele expressaria melhor a “exis” [hexis], denotando o que é adquirido e sublinhando não existir maneira natural nos atos corporais de um adulto. Ao afirmar a predominância da educação sobre os atos corporais, o autor defende que para analisar tais atos é preciso levar em conta os pontos de vista biológicos, sociológicos e psicológicos, de modo a realizar o estudo do que chama de “homem total”.
Mauss sugere quatro princípios para classificar o conjunto das técnicas do corpo:  a divisão das técnicas entre os sexos; sua variação de acordo com as idades; também em relação aos rendimentos e ordem de eficácia; e ainda em termos de sua transmissão, levando em consideração as tradições que os impõem. Outra forma de classificação sugerida é a enumeração das técnicas em função do acompanhamento do trajeto de um indivíduo no decorrer da sua vida, observando por exemplo: (1) técnicas do nascimento e da obstetrícia: formas de parto e reconhecimento da criança; (2) técnicas da infância: modos de carregar o bebê, de mamar e desmamar; (3) técnicas da adolescência: contextos de iniciação dos jovens; (4) técnicas da idade adulta: modos de dormir e de repouso; técnicas de atividade e movimento: dança, corrida, salto, escalada, descida, nado; técnicas de cuidados do corpo: esfregar, lavar, ensaboar; técnicas de consumo: modos de comer e beber; técnicas da reprodução: posições sexuais; e técnicas de medicação.
Claude Lévi-Strauss (1908-2009), em sua Introdução à obra de Marcel Mauss (1950), aponta o caráter programático da análise de maussiana sobre as técnicas do corpo, que reverbera em toda a antropologia posterior. Ao contrário do que sugeriam certas concepções racistas que viam no homem o produto do seu corpo, o inventário e a descrição das técnicas corporais propostos por Mauss, destaca Lévi-Strauss, demonstram que o homem, sempre e em toda parte, soube fazer de seu corpo o resultado de suas técnicas e de suas representações. Destacando fenômenos que colocam em relação aspectos fisiológicos e sociais, e mostrando o rendimento teórico de uma análise que sublinha as relações entre os indivíduos e os grupos sociais, Mauss aproxima ainda a etnologia da psicanálise, estendendo a influência de suas teses para outras disciplinas. Por fazer do corpo um objeto de reflexão da análise social e cultural, o ensaio tornou-se uma referência incontornável para os debates posteriores sobre o tema, nos mais diversos domínios.

Noção de técnica corporal» por Marcel Mauss - Each

www.each.usp.br/opuscorpus/PDF/a3p1.pdf

Rodrigues. Mauss e as tecnicas do corpo Arquivo

https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=252571


Nenhum comentário:

Postar um comentário