A CRÍTICA DE GRAMSCI À TEORIA DAS ELITES: PARETO, MOSCA E MICHELS E A DEMOCRACIA BURGUESA. In: http://www.unicamp.br/cemarx/anais_v_coloquio_arquivos/arquivos/comunicacoes/gt1/sessao4/Anita_Schlesener.pdf
O
presente ensaio visa a refletir sobre a posição de Gramsci ante a
teoria das elites de Vilfredo Pareto, a noção de classe política
de Gaetano Mosca e o conceito de líder carismático de Robert
Michels, a fim de mostrar a sua atualidade ante situações políticas
que, no contexto da democracia burguesa, reproduzem no cotidiano
político as recomendações desses três grandes intelectuais
italianos. Na raiz desse confronto de Gramsci com a teoria das
elites, o esclarecimento de conceitos fundamentais para o movimento
político dos trabalhadores, quais sejam, as noções de
transformismo e consciência de classe. O transformismo se configura,
em linhas gerais, como o processo de cooptação dos potenciais
dirigentes das classes subalternas, os elementos mais capazes de
organizar e dirigir um movimento, por parte das elites dominantes. A
consciência de classe traduz-se na nova concepção de mundo que as
classes dominadas precisam elaborar no bojo de suas lutas políticas.
Ora, como impedir esse processo constante de cooptação que ocorre
no curso político das lutas das classes trabalhadoras? Trata-se, no
fundo, de explicitar as relações de hegemonia e o compromisso dos
intelectuais das classes subalternas enquanto dirigentes que as
representem de modo estável, acentuando o significado e a
importância de relações efetivamente democráticas. O primeiro
aspecto a acentuar, como pressuposto ao questionamento rigoroso e
permanente que Gramsci apresenta à teoria elitista do poder, são as
características da democracia burguesa que Gramsci entende que devam
ser criticadas por seu caráter instrumental e mistificador, bem como
aquelas que ele considera importantes como conquista histórica, ou
seja, herança cultural e política a ser ampliada no contexto do
socialismo. A crítica ao ideário liberal como modelo utópico e
como base de sustentação da ordem instituída é um meio de
apropriação da herança cultural e histórica na construção da
democracia socialista. O segundo ponto a desenvolver é sobre as
características básicas da teoria das elites como pressuposto para
a prática democrática na sociedade burguesa. Trata-se de um modo de
conceber a política a partir da afirmação de lideranças políticas
que, por sua origem e formação, atribuem-se o direito de dirigir e
comandar as massas populares que, por sua condição social e
histórica, não estão aptas a governar. A base de sustentação do
elitismo é, entre outras, o individualismo que fundamenta o modo de
pensar na sociedade burguesa: assim como o indivíduo é preparado
para a sociedade de consumo, que o faz crer que realmente escolhe os
produtos que pretende consumir, a democracia burguesa constrói-se
sobre a crença de que o indivíduo escolhe livremente, entre aqueles
que se apresentam a cada nova eleição, o seu governante. O terceiro
aspecto a ser tratado é como a teoria das elites funciona na
democracia burguesa, na formação e fragilidade dos partidos
políticos e no transformismo, que dificulta e leva até a abortar a
maioria dos processos de formação política que nascem no seio do
movimento operário.
Teoria das Elites: O poder político monopolizado pelos governantes... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/teoria-das-elites-o-poder-politico-monopolizado-pelos-governantes.htm?cmpid=copiaecola&cmpid=copiaecola
A
teoria das elites surgiu no final do século 19 tendo como fundador o
filósofo e pensador político italiano, Gaetano Mosca (1858-1941).
Em seu livro "Elementi di Scienza Política" (1896), Mosca
estabeleceu os pressupostos do elitismo ao salientar que em toda
sociedade, seja ela arcaica, antiga ou moderna, existe sempre uma
minoria que é detentora do poder em detrimento de uma maioria que
dele está privado. Os poderes econômicos, ideológicos e políticos
são igualmente importantes, mas em seus escritos Mosca deu ênfase à
força política das elites. O restrito grupo de pessoas que a detém
também pode ser denominado de classe dirigente. De acordo com esta
teoria as sociedades est...
TEORIA DAS ELITES – UMA SÍNTESE DA VISÃO DOS PRECURSORES. In: http://conhecer21.blogspot.com/2012/11/teoria-das-elites-uma-sintese-da-visao.html
A
ideia não é nova. Platão, n’A
República, concebe
uma sociedade ideal a ser governada por especialistas, filósofos de
rigorosa formação, conforme idealiza. Estes, tendo aprendido a
verdade, seriam dali por diante guiados exclusivamente por ela, e a
chegada à condição de “filósofo rei”, o governante escolhido,
não deixa de ser uma forma de seleção de elites.
O
elitismo encara, de modo geral, a desigualdade como fato natural.
Isto pode ser demonstrado pelo tratamento dispensado pelo pensamento
elitista àqueles que compõem a elite dirigente.
Do
século XIX aos dias de hoje, entretanto, a teoria das elites
experimentou diversas mudanças, tendo sido alvo de sucessivas
reinterpretações, e apropriada de maneiras distintas.
De
um conjunto de teses antiigualitárias e antidemocráticas, ao menos
aparentemente, quando observadas a partir dos padrões atuais, passou
a ser tomada como uma análise realista do sistema democrático. Na
formulação de seus autores e comentadores mais recentes, o que o
elitismo visa a demonstrar é que, com efeito, qualquer sistema
político, mesmo o democrático, é dirigido por minorias. A
democracia, contudo, se distingue por ter no poder não uma elite
fechada, cristalizada em um só grupo que se reproduz internamente, e
sim aberta, renovada por meio de um processo de livre concorrência
pelos votos do eleitorado, como deixa claro Schumpeter, por exemplo,
que na década de quarenta do século vinte, ao buscar definir
democracia, assegura que esta constitui apenas um método para se
chegar a decisões políticas através da escolha da elite
governante.
Portanto,
em qualquer sistema, mesmo os mais igualitários, em qualquer forma
de governo, mesmo as ditas democráticas, poderia ser constituída
uma classe espoliadora, pouco interferindo o modo como fosse
escolhida ou alcançasse a dominância. Assim, muito mais importante
do que impor essa ou aquela forma de eleição, muito mais importante
do que poder escolher em nome de quem se faria a espoliação, era
evitar a própria espoliação. É certo, porém, ressalvava Pareto,
que “quando a classe dominante é recrutada por hereditariedade ou
por cooptação, o seu jugo é mais odioso do que quando ela é
recrutada por eleição; daí não se segue, contudo, que ele seja
também mais pesado. Ainda não foi devidamente demonstrado que um
governo oligárquico tenha sido mais desonesto do que o da
municipalidade de Nova York, eleito pelo sufrágio universal. O povo
da Toscana era mais feliz e menos espoliado sob o governo absoluto de
Leopoldo do que no governo constitucional atual.”
A
Teoria das Elites, embora concebida entre o final do século XIX e
início do século XX, a partir do pensamento de Gaetano Mosca com
sua doutrina da classe política, Vilfredo Pareto com a teoria da
“circulação das elites” e Robert Michels com a ideia da “lei
de bronze das oligarquias” mostra-se, desta forma, bastante atual.
E é a partir dessas visões que será aqui tratada.
Jon Elster e a democracia. In: http://adrianocodato.blogspot.com/2010/01/jon-elster-e-democracia.html
Essa
entrevista de Elster à Folha, embora antiga, toca em dois
pontos importantes, a meu ver: a necessidade de pensar a democracia
deliberativa a partir de seus "mecanismos", e não apenas
de valores; e a dificuldade do socialismo em manter as pessoas
mobilizadas e interessadas em política todo o tempo.
Teoria das Elites e Análise Tocquelliana - Unioeste. In: e-revista.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/download/550/461
O
presente texto pretende efetuar a
contraposição das teorias marxistas e a teoria das elites com o
trabalho de Alexis de Tocqueville com o objetivo de estabelecer
paralelos e mostrar antagonismos e coincidência xistentes entre a
teoria confrontada e o modelo do autor. O intento é fazer emergir
novas questões, deixando-as em aberto, à espera de novas
discussões. Contrastar elementos da teoria das elites com o modelo
tocquevilliano, significa operar com uma perspectiva crítica que se
prende mais ao seu objeto de análise, pelo fato de que tal teoria
pode ser vista como um modelo competitivo de democracia. Para Thomas
Bottomore existem certos teóricos da elite que tentam se reconciliar
com o conceito de democracia (Cf. Bottomore, 1965, p. 130-134). Se o
intuito é questionar o princípio da representatividade no esquema
liberal, a teoria das elites pode oferecer os elementos para isso. Em
sua obra, Tocqueville deixa transparecer que acredita na
possibilidade de um governo “do povo, pelo povo, para o povo”:
“Na América o princípio da soberania do povo não é estéril nem
está escondido, como sucede em outras nações; é reconhecido pelos
costumes e proclamado pelas leis; espalha-se livremente e chega sem
impedimento às suas conseqüências mais remotas” (Tocqueville,
1969, p. 68).
Referências Bibliográficas:
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