segunda-feira, 17 de junho de 2019

O princípio da participação social na gestão de políticas públicas locais. - Socorro Pena




1) Como foi feito controle social: Faça uma descrição e fundamentação teórica com base no texto de Milian.
2) Tem caráter deliberativo ou consultivo?! (O Conselho)


O princípio da participação social na gestão de políticas públicas locais: uma análise de experiências latino-americanas e européias. Milani


RESUMO
Este artigo parte de um pressuposto básico: a participação social tornou-se, nos anos 1990, um dos princípios organizativos, aclamado por agências nacionais e internacionais, dos processos de formulação de políticas públicas e de deliberação democrática em escala local. Fomentar a participação dos diferentes atores políticos e criar uma rede que informe, elabore, implemente e avalie as políticas públicas são, hoje, peças essenciais nos discursos de qualquer política pública (auto) considerada progressista. Os anos 1990 foram marcados pela institucionalização da consulta da "sociedade civil organizada" nos processos de formulação de políticas públicas locais. No entanto, os instrumentos participativos devem ser questionados sob, pelo menos, duas óticas críticas principais: quem participa e que desigualdades subsistem na participação? Como se dá o processo de construção do interesse coletivo no âmbito dos dispositivos de participação? Este artigo analisa, a partir de pesquisas realizadas sobre 10 experiências de participação na América Latina (Argentina, Brasil, Costa Rica e República Dominicana) e na Europa (Alemanha, Espanha, França e Itália), em que medida elas representam inovações nos modos de formular, implementar e monitorar políticas públicas locais."


RESUMO CRÍTICO
A participação social nos anos 90 tornou-se um dos princípios organizativos exclusivamente para a formulação de políticas públicas e deliberação democrática fomentando a participação de diferentes atores políticos.
Nesta sociedade civil organizada cria-se redes que elaboram por meio de implementação de políticas públicas, podendo ser considerada progressista através de instrumentos participativos. A grande dificuldade consiste num sistema altamente burocrático onde a confiança não se estabelece, sendo pouco transparente para a população as ações de seus governantes.
Neste artigo as pesquisas realizadas nos países da América Latina - Argentina, Brasil, Costa Rica e República Dominicana e da Europa - Alemanha, Espanha, França e Itália, possuem em comum a crise de governabilidade.
A análise a respeito da participação social, a constituição dos interesses corporativos, profissionalização da participação e questões da diversidade e igualdade no processo de construção dos interesses coletivos e nas relações entre os interesses particulares, corporativo e o geral, apontam diversos fatores de ajustes e aplicabilidade.
Entende-se por participação social cidadã a intervenção individual e coletiva, conforme apresenta o autor, supõe redes de interação complexas e variadas, sendo a participação social derivada da cidadania ativa, ou seja, inclusão/exclusão tendo sempre presente as relações de conflito.
Em todo esse processo os atores políticos que decidem pela participação, com implementações de regras, controle, negociação e cultura política, sendo que nenhuma dessas instancia são estáticas.
No Brasil as políticas assistenciais e de combate à pobreza possui dois eixos: descentralização do poder decisório e de recurso e a institucionalização da participação.
Na Europa e América Latina apresentam dificuldades em influenciar os processos de deliberação democrática.
Devido a isso é importante refletir sobre quem realmente participa e como ocorre o processo de construção do interesse coletivo.
Apesar da dualidade existente entre Europa Ocidental e América Latina, a crise da democracia representativa se instala, em termos de confiança em relação às instituições políticas e capacidade de administração pública. O Modelo teórico de análise das experiências utilizadas pelo autor persegue estas duas óticas principais, a participação dos cidadãos no processo de formulação e gestão pública e a busca de soluções no âmbito local para a crise do desenvolvimento nacional.
As experiências de participação cidadã na América Latina e na Europa ocidental perpassam pela crise de credibilidade da democracia, sofrem pela apatia política e descaso dos assuntos públicos, obtendo um número significante de corrupção na administração pública.
O autor realiza um comparativo entre o perfil do participante, faz uma análise de cada caso apresentando as desigualdades que subsistem na participação social, relata a gestão participativa e o processo determinando em cada realidade, em cada caso a medida prática de participação social e representação de inovações, declarando os estudos e formulação de políticas públicas locais, cada qual com seus mitos e realidade na participação social.
Nas experiências analisadas os elementos de renovação das políticas pública locais trazem respostas para a globalização econômica, alianças sociais e solidariedade cívica, apesar do caráter populista e neoliberal.
Nesse ambiente de relações entre o governo e sociedade, o chamado voluntarismo coletivo pode impedir que os resultados sejam alcançados, sendo interrompidos, gerando custos e não obtenção dos benefícios sólidos, mascarando preocupações relacionadas a eficiência administrativa. O empoderamento pode tanto trazer benefício para solução de problemas, quanto a manutenção ou construção de problemas, apesar dos investimentos para fortalecimento e preparo com técnicas participativas, aplicadas na tentativa de preparar a produtividade e prestação de serviço públicos descentralizados.
O autor conclui em seus estudos que a participação é parte integrante da realidade social, sendo princípio da construção e transformação social. As bases sociais evoluem com os contextos sociais, históricos e geográficos, mas há um grande desafio; o de ter instrumentos de mobilização da cidadania e regras que demandem credibilidade nos assuntos de natureza pública utilizando o caráter deliberativo, sendo necessário a inclusão de atores com capacidade de atuar com princípios participativos de ações públicas locais.
Conclui-se que para democratizar os processos decisórios torna-se necessário considerar o devido valor sem manipulações complementando as ações das políticas públicas, com recursos orçamentários e meios políticos adequados.



TÓPICOS
1. Introdução
Logo após o início do processo de organização da administração pública no século XIX, dando origem à burocracia moderna, buscou-se resolver o seguinte problema: se não for possível confiar nos representantes políticos, como controlar a burocracia? A resposta passou por estratégias de supervisão, controle e auditoria, consideradas por estudiosos e administradores marcas centrais de uma boa administração. Mais de um século se passou, e hoje, volta uma questão semelhante, porém mais complexa: se houver desconfiança em relação aos atos dos representantes políticos e sendo a burocracia ineficiente e pouco transparente aos cidadãos, o que fazer para não comprometer as instituições políticas democráticas e assegurar a efetividade da gestão pública?”
Desde meados dos anos 1980, as respostas ao dilema "necessidade de políticas públicas efetivas versus garantia de controles democráticos" têm sido múltiplas… os modelos construídos para enfrentar tal dilema tendem a incluir, por exemplo, estratégias de descentralização, a adoção de mecanismos de responsabilização dos gestores (responsiveness e accountability), a gestão pública por resultados, o incremento do controle social, além de dispositivos de participação social que visam chamar cidadãos e organizações cívicas para atuarem como atores políticos da gestão pública.
modelos poliárquicos conhecidos na América Latina e na Europa. As poliarquias das sociedades latino-americanas e européias apresentam profunda variação em termos de cultura política, confiança nas instituições, respeito às normas sociais, construção da cidadania e o que Robert Dahl (2001) chamou de "entendimento esclarecido" dos cidadãos.
Desde o início dos anos 1990… o processo de reforma da administração pública na América Latina e alhures, a participação social vem sendo construída como um dos princípios organizativos centrais, declarado e repetido em foros regionais e internacionais, dos processos de deliberação democrática no âmbito local. Fazer participar os cidadãos e as organizações da sociedade civil (OSC) no processo de formulação de políticas públicas foi transformado em modelo da gestão pública local contemporânea. A participação social, também conhecida como dos cidadãos, popular, democrática, comunitária, entre os muitos termos atualmente utilizados para referir-se à prática de inclusão dos cidadãos e das OSCs no processo decisório de algumas políticas públicas, foi erigida em princípio político-administrativo. Fomentar a participação dos diferentes atores sociais…
Na Europa e na América Latina, esse movimento vem tendo como conseqüências, inter alia, a legitimação da voz política e o desenvolvimento da expertise de muitos atores não-governamentais.
entre meados dos anos 1980 e fim dos anos 1990, os processos locais de participação social encontram em ambos os contextos geográficos, pelo menos, dois limites críticos. Em primeiro lugar, a participação de atores diversificados é estimulada, mas nem sempre é vivida de forma eqüitativa... Em segundo lugar, os atores não-governamentais (e somente alguns deles) são consultados e solicitados durante o processo de tomada de decisões, participando, assim e no melhor dos casos, somente antes e depois da negociação. A participação praticada dessa forma pode aumentar a qualidade da transparência dos dispositivos institucionais; contudo, ela não garante, de modo necessário e automático, a legitimidade do processo institucional participativo na construção do interesse coletivo.
O olhar sobre duas realidades sociais e políticas tão distintas (Europa ocidental e América Latina) é proposital, e permite um enriquecimento analítico mútuo: em ambas as regiões, por razões diferentes, vive-se uma crise da democracia representativa, tanto em termos de confiança dos cidadãos nas instituições políticas quanto à capacidade das administrações públicas tornarem-se pertinentes e efetivas de acordo com as necessidades dos cidadãos. Além disso, sabe-se que, na América Latina, a democracia e a administração pública sempre foram pensadas em referência a processos históricos e cristalizações institucionais da Europa (e dos Estados Unidos). Como lembram Lavalle, Houtzager e Castello (2006), no caso das práticas de participação social, talvez pela primeira vez na história, a democracia e seu horizonte de reformas possíveis passaram a ser pensados, no hemisfério Norte, a partir de experiências vivenciadas no hemisfério Sul.1 O interesse em contemplar experiências latino-americanas e européias de participação social justifica-se também à luz desse caráter de inovação do hemisfério Sul.
Este artigo está estruturado em três partes: a primeira apresenta o modelo teórico utilizado na análise das experiências; em segundo lugar, busca-se saber em que medida as práticas de participação social representam inovações nos modos de formular, implementar e monitorar políticas públicas locais; e, por fim, procura-se pensar o que revelam tais experiências acerca dos riscos e dos limites da participação social na formulação de políticas públicas locais, salientando inclusive o papel das agências da cooperação internacional na construção de mitos associados à participação.


2. A construção do modelo de análise: as duas óticas principais
3. Experiências de participação cidadã na América Latina e na Europa ocidental: renovação das políticas públicas locais?
Qual seria o perfil do participante e que desigualdades subsistem na participação social?
A gestão participativa é um processo de natureza consultiva ou deliberativa?
4. Riscos e limites da participação social na formulação de políticas públicas locais
A ambigüidade do papel das agências da cooperação internacional
5. Conclusão: da manipulação política do princípio participativo à construção de ações públicas locais


REFRÊNCIAS


MILANI, Carlos R. S.. O princípio da participação social na gestão de políticas públicas locais: uma análise de experiências latino-americanas e européias. Rev. Adm. Pública [online]. 2008, vol.42, n.3, pp.551-579. ISSN 0034-7612. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122008000300006.


Resenha do texto “O princípio da participação social na gestão de políticas públicas locais: uma análise de experiências Latino-Americanas e Europeias” Carlos R. S. Milan. In: https://profelismoraes.blogspot.com/2015/05/resenha-do-texto-o-principio-da.html

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