Introdução
A série Aula
lá fora, apresentada por Ismael Araújo e Cláudia Missura, trata de
uma atividade muito comum em todas as escolas: as aulas-passeio ou
estudos de meio ou aulas fora das paredes da sala de aula. A
consecução desse projeto iniciou-se em outubro de 2003 e contou com
a participação de escolas e professores da Rede Pública Municipal
de Santo André, em São Paulo além de consultores educacionais e
pedagógicos relevantes no cenário brasileiro, dentre eles Elvira de
Souza Lima e mostra as atividades desenvolvidas na preparação,
realização e comunicação de pesquisas de campo realizadas pelas
turmas de forma coletiva.
A PIPA
O vídeo Pipa, onde a partir de pesquisa sobre
o nome do brinquedo(pipa), abrange muitas atividades como análise de
materiais, geometria, senso de cidadania e de interação.
O vídeo destaca uma forma interessante e
diferente do processo ensinar-aprender: a aula realizada fora dos
muros da escola, denominada de aula-passeio. No episódio A pipa a
professora Márcia
Maria Cavassani explica diversos conceitos de
geometria, o movimento dos ventos, o perigo dos fios de eletricidade,
entre outros conteúdos, apenas se utilizando do tema “pipa”.
Isso porque, após um grande período de pesquisa e descoberta de
conceitos dentro de sala de aula, alunos da Escola Municipal de
Educação Infantil e Ensino Fundamental (Emeifs) Sylvia Orthof, no
Bairro Telles de Menezes, em Santo André, saíram em direção ao
Sesc Itaquera acompanhados pela professora e exploraram todo o seu
interesse por aventura e descobertas em prol da aprendizagem prática
de como e por que empinamos pipa.
“O
vídeo, muito mais do que apresentar o tema “pipa”, revela-se
como um excelente exemplo de como podemos explorar inúmeras
informações presentes no dia a dia das crianças para a construção
de conhecimentos importantes. Ao trabalhar com esse tema, três
aspectos merecem ser destacados: o incentivo ao diálogo e a
participação ativa dos estudantes – por meio da
organização da aula com o auxílio dos mesmos, a utilização de
convidados com o intuito de diversificar a fonte de conhecimentos e a
aula-passeio em si, com a experimentação das hipóteses das
crianças, participação em grupos e preocupação com o registro da
atividade, via fotografia e filmagem.”
ADULTOS
O episódio 10 retrata duas salas de aula da
EJA das professoras Sônia e Marluce, que atuam com alunos de
diferentes idades, diferentes níveis no processo de alfabetização
e experiências mu ito diversas de exclusão escolar. A fim de
dinamizar e dar significado um processo de aprendizagem coletivo tão
complexo, a professora Sônia leva os alunos a terem um a aula em um
supermercado e a professora Marluce, em um posto de saúde.
O vídeo ADULTOS dá ênfase ao principal
objetivo de todos os outros vídeos que é buscar a partir da prática
o conhecimento teórico. Ver a adversidade dos alunos que buscam
aprender a ler, escrever ou simplesmente se inserir na educação,
cada um com seus anseios e objetivos é muito gratificante e essas
atividades apresentadas os levam a refletir sobre seu valor, auto
estima e seus direitos e deveres de cidadania.
“A
mentalidade da pessoa está cozinha
da demais”. Com um forte sotaque nordestino,
do ponto de vista de quem mora na região Sudeste, o aluno de 28 anos
que, recentemente, aprendera a escrever, ler e contar, explicita como
os professores dedicados a ensinar adultos possuem inúmeros
desafios. Um deles é o de dar novo significado às experiências de
vida dos alunos – que são tántas – por meio de ações
intencionais de aprendizado. Histórias de exclusão não faltam.
Deficiência física ou mental, não ter acesso à escola pela
pobreza, viciar-se em drogas etc. As histórias pessoais de cada
aluno, antes e depois da escola, contadas por eles mesmos e
enriquecidas pelos relatos das professoras é um dos principais
ingredientes deste episódio.
“Em uma visita a lugares comuns ao
cotidiano, um supermercado e um posto de saúde, os alunos entenderam
a ligação entre afetividade e emoção no processo de aprendizagem,
com ênfase na alfabetização de adultos. O objetivo central foi que
as duas classes de jovens e adultos trabalhassem noções de
cidadania, bem como de pesquisa, registro e pensamento crítico.
Direitos, deveres e o comportamento em sociedade também foram o foco
da aula. “
ALIMENTAÇÃO
Com discussões consensuais, orientações
através de palestras, enfim, entender que merenda escolar não deve
ser apenas um ato de se alimentar, mas também uma reflexão sobre
nutrição adequada, higiene e cidadania.
Este episódio
mostra dois momentos do trabalho da professora Beatriz, Primeiro, no
pátio da escola, as crianças encontram uma merendeira e uma
nutricionista da rede que dão informações sobre os alimentos e
sobre a cadeia alimentar. Depois, as crianças vão conhecer a
Cozinha Central, que fornece merenda para as escolas e creches de
Santo André. Com isso, os alunos aprendem a importância de se ter
uma alimentação equilibrada.
A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO NA ESCOLA
A quarta dimensão o Tempo é bem questionada
no vídeo, nos remete ao “tempo” da escola que ainda mantinha
regras ultrapassadas sobre seus horários quando a observação quase
que obsessiva do tempo demonstrava eficiência, porém, o que se
constatou com o tempo é que esse tipo de organização das aulas
causava exclusão e problemas para se trabalhar a
interdisciplinaridade e a diversidade de compassos do tempo entre os
alunos, isso fica bem explícito quando os alunos começam a discutir
sobre o horário que seria o recreio, a hora da merenda. A professora
Márcia do Projeto A Pipa, expôs sua ideia da seguinte forma: _
Acredito que trabalhamos a habilidade, afetividade, competência,
individualidade e coletividade. Concordo e acrescento: Auto-estima e
importância da mídia no aprendizado.
ESTUDO
ERRADO
“O
sistema bota um monte de abobrinha no programa...mas eu prefiro que
eles ensinem alguma coisa que preste.”, “O
problema é que sem motivação a gente enjoa.”, ou “A maioria
das matérias que eles dão eu acho inútil.”;
bem articulados na letra da música, mostrando muito bem os problemas
do sistema de ensino e suas praticas cotidianas nas escolas.
A falta de contextualização das
práticas pedagógicas em relação às vivências dos alunos é um
fator primordial nas discussões dos vídeos, pois se a pergunta mais
vigente realizada pela maioria dos alunos é a de sempre: Por que eu
tenho que aprender isso? é a mesma explorada na música “Estudo
errado” do cantor e compositor Gabriel, eu tenho uma pergunta mais
complexa: Por que os alunos têm que aprender todas as matérias do
ensino médio, se os professores mal sabem todos os conteúdos do
ensino fundamental, o que deveria ser uma obrigação?! Por que a
professora de Português do Meio não sabem bem os conteúdos de
MATEMÁTICA do 9º?! Por que o professor de Matemática do
Fundamental não entende “patavinas”
de Análise Sintática?! Como é que pode?!
CONCLUSÃO
Há duas maneiras de contextualizar o conteúdo:
ou você leva o “mundo” para dentro da sala de aula, ou você,
literalmente, leva a sala de aula para o mundo.
O projeto Aula Lá Fora apesar de temas e
contextos diferentes foram elaborados dentro de uma metodologia
importantíssima para a interação, assimilação e acomodação
conforme teoria de Piaget, pois, se tratam de atividades ricas em
interdisciplinaridade, senso de cidadania e construtivismo, é
perceptível que o leque de grandes ideias surge de uma reflexão
coletiva.
A compilação dos vídeos da Série AULA LÁ
FORA, certamente, não é mera coincidência, eles foram escolhidos
pois possuem muitos eixos em comum, uma vez, que expõe a riqueza
dessas atividades que não teve como objetivo iniciar e finalizar
aula num tempo determinado, dividir os aluno por atividades ou
separação por disciplinas (Todos) ou de dividir os alunos por
deficiência ou idade (PROJETO ADULTOS) etc.
O que o professor poderá aprender com esta
aula: Refletir coletivamente sobre possibilidades e estratégias em
projetos educacionais que concretizem o trabalho com a cidadania.
Refletir sobre trabalho em equipe e importância do registro.
Colocar-se no lugar dos alunos ao realizar uma mesma atividade que
será proposta.
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