quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Analise dos vídeos da série Aula Lá Fora e outros.


Introdução
A série Aula lá fora, apresentada por Ismael Araújo e Cláudia Missura, trata de uma atividade muito comum em todas as escolas: as aulas-passeio ou estudos de meio ou aulas fora das paredes da sala de aula. A consecução desse projeto iniciou-se em outubro de 2003 e contou com a participação de escolas e professores da Rede Pública Municipal de Santo André, em São Paulo além de consultores educacionais e pedagógicos relevantes no cenário brasileiro, dentre eles Elvira de Souza Lima e mostra as atividades desenvolvidas na preparação, realização e comunicação de pesquisas de campo realizadas pelas turmas de forma coletiva.


A PIPA
O vídeo Pipa, onde a partir de pesquisa sobre o nome do brinquedo(pipa), abrange muitas atividades como análise de materiais, geometria, senso de cidadania e de interação.
O vídeo destaca uma forma interessante e diferente do processo ensinar-aprender: a aula realizada fora dos muros da escola, denominada de aula-passeio. No episódio A pipa a professora Márcia
Maria Cavassani explica diversos conceitos de geometria, o movimento dos ventos, o perigo dos fios de eletricidade, entre outros conteúdos, apenas se utilizando do tema “pipa”. Isso porque, após um grande período de pesquisa e descoberta de conceitos dentro de sala de aula, alunos da Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental (Emeifs) Sylvia Orthof, no Bairro Telles de Menezes, em Santo André, saíram em direção ao Sesc Itaquera acompanhados pela professora e exploraram todo o seu interesse por aventura e descobertas em prol da aprendizagem prática de como e por que empinamos pipa.
O vídeo, muito mais do que apresentar o tema “pipa”, revela-se como um excelente exemplo de como podemos explorar inúmeras informações presentes no dia a dia das crianças para a construção de conhecimentos importantes. Ao trabalhar com esse tema, três aspectos merecem ser destacados: o incentivo ao diálogo e a participação ativa dos estudantes – por meio da organização da aula com o auxílio dos mesmos, a utilização de convidados com o intuito de diversificar a fonte de conhecimentos e a aula-passeio em si, com a experimentação das hipóteses das crianças, participação em grupos e preocupação com o registro da atividade, via fotografia e filmagem.”

ADULTOS
O episódio 10 retrata duas salas de aula da EJA das professoras Sônia e Marluce, que atuam com alunos de diferentes idades, diferentes níveis no processo de alfabetização e experiências mu ito diversas de exclusão escolar. A fim de dinamizar e dar significado um processo de aprendizagem coletivo tão complexo, a professora Sônia leva os alunos a terem um a aula em um supermercado e a professora Marluce, em um posto de saúde.
O vídeo ADULTOS dá ênfase ao principal objetivo de todos os outros vídeos que é buscar a partir da prática o conhecimento teórico. Ver a adversidade dos alunos que buscam aprender a ler, escrever ou simplesmente se inserir na educação, cada um com seus anseios e objetivos é muito gratificante e essas atividades apresentadas os levam a refletir sobre seu valor, auto estima e seus direitos e deveres de cidadania.
A mentalidade da pessoa está cozinha da demais”. Com um forte sotaque nordestino, do ponto de vista de quem mora na região Sudeste, o aluno de 28 anos que, recentemente, aprendera a escrever, ler e contar, explicita como os professores dedicados a ensinar adultos possuem inúmeros desafios. Um deles é o de dar novo significado às experiências de vida dos alunos – que são tántas – por meio de ações intencionais de aprendizado. Histórias de exclusão não faltam. Deficiência física ou mental, não ter acesso à escola pela pobreza, viciar-se em drogas etc. As histórias pessoais de cada aluno, antes e depois da escola, contadas por eles mesmos e enriquecidas pelos relatos das professoras é um dos principais ingredientes deste episódio.

Em uma visita a lugares comuns ao cotidiano, um supermercado e um posto de saúde, os alunos entenderam a ligação entre afetividade e emoção no processo de aprendizagem, com ênfase na alfabetização de adultos. O objetivo central foi que as duas classes de jovens e adultos trabalhassem noções de cidadania, bem como de pesquisa, registro e pensamento crítico. Direitos, deveres e o comportamento em sociedade também foram o foco da aula. “

ALIMENTAÇÃO
Com discussões consensuais, orientações através de palestras, enfim, entender que merenda escolar não deve ser apenas um ato de se alimentar, mas também uma reflexão sobre nutrição adequada, higiene e cidadania.
Este episódio mostra dois momentos do trabalho da professora Beatriz, Primeiro, no pátio da escola, as crianças encontram uma merendeira e uma nutricionista da rede que dão informações sobre os alimentos e sobre a cadeia alimentar. Depois, as crianças vão conhecer a Cozinha Central, que fornece merenda para as escolas e creches de Santo André. Com isso, os alunos aprendem a importância de se ter uma alimentação equilibrada.

A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO NA ESCOLA
A quarta dimensão o Tempo é bem questionada no vídeo, nos remete ao “tempo” da escola que ainda mantinha regras ultrapassadas sobre seus horários quando a observação quase que obsessiva do tempo demonstrava eficiência, porém, o que se constatou com o tempo é que esse tipo de organização das aulas causava exclusão e problemas para se trabalhar a interdisciplinaridade e a diversidade de compassos do tempo entre os alunos, isso fica bem explícito quando os alunos começam a discutir sobre o horário que seria o recreio, a hora da merenda. A professora Márcia do Projeto A Pipa, expôs sua ideia da seguinte forma: _ Acredito que trabalhamos a habilidade, afetividade, competência, individualidade e coletividade. Concordo e acrescento: Auto-estima e importância da mídia no aprendizado.

ESTUDO ERRADO
O sistema bota um monte de abobrinha no programa...mas eu prefiro que eles ensinem alguma coisa que preste.”, “O problema é que sem motivação a gente enjoa.”, ou “A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil.”; bem articulados na letra da música, mostrando muito bem os problemas do sistema de ensino e suas praticas cotidianas nas escolas.
A falta de contextualização das práticas pedagógicas em relação às vivências dos alunos é um fator primordial nas discussões dos vídeos, pois se a pergunta mais vigente realizada pela maioria dos alunos é a de sempre: Por que eu tenho que aprender isso? é a mesma explorada na música “Estudo errado” do cantor e compositor Gabriel, eu tenho uma pergunta mais complexa: Por que os alunos têm que aprender todas as matérias do ensino médio, se os professores mal sabem todos os conteúdos do ensino fundamental, o que deveria ser uma obrigação?! Por que a professora de Português do Meio não sabem bem os conteúdos de MATEMÁTICA do 9º?! Por que o professor de Matemática do Fundamental não entende “patavinas” de Análise Sintática?! Como é que pode?!

CONCLUSÃO
Há duas maneiras de contextualizar o conteúdo: ou você leva o “mundo” para dentro da sala de aula, ou você, literalmente, leva a sala de aula para o mundo.
O projeto Aula Lá Fora apesar de temas e contextos diferentes foram elaborados dentro de uma metodologia importantíssima para a interação, assimilação e acomodação conforme teoria de Piaget, pois, se tratam de atividades ricas em interdisciplinaridade, senso de cidadania e construtivismo, é perceptível que o leque de grandes ideias surge de uma reflexão coletiva.
A compilação dos vídeos da Série AULA LÁ FORA, certamente, não é mera coincidência, eles foram escolhidos pois possuem muitos eixos em comum, uma vez, que expõe a riqueza dessas atividades que não teve como objetivo iniciar e finalizar aula num tempo determinado, dividir os aluno por atividades ou separação por disciplinas (Todos) ou de dividir os alunos por deficiência ou idade (PROJETO ADULTOS) etc.
O que o professor poderá aprender com esta aula: Refletir coletivamente sobre possibilidades e estratégias em projetos educacionais que concretizem o trabalho com a cidadania. Refletir sobre trabalho em equipe e importância do registro. Colocar-se no lugar dos alunos ao realizar uma mesma atividade que será proposta.

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