O
Currículo Escolar salientado por Demerval Saviani
Ojr.
Bentes
RESUMO
Este
texto tem como objetivo, a partir dos textos indicados e tendo como
base o texto de Demerval Saviani, aprofundar a compreensão do que é
o currículo escolar bem como a possibilidade de sua utilização
pelos coordenadores pedagógicos como instrumento de estruturação
de sua atuação escolar, tendo em vista que ele é de fundamental
importância para a organização do trabalho pedagógico da escola,
e sua importância para a viabilização do direito à educação. O
currículo possibilita à coordenação pedagógica, avaliar o
impacto das propostas curriculares construídas coletivamente na
prática escolar, bem como orientar propositivamente os professores
para o desenvolvimento do seu trabalho, o currículo mostra o caminho
a ser seguido. Entende-se que cabe ao coordenador pedagógico
promover o debate sobre as definições curriculares e o que isso
implica para a potencialização do seu papel na escola.
INTRODUÇÃO
Saviani (2005) afirma
que:
Podemos,
pois, dizer que a natureza não é dada ao homem, mas é por ele
produzida sobre a base da natureza biofísica. Consequentemente, o
trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente,
em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica
e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação
diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais
que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie para que
eles se tornem humanos, e de outro lado e concomitantemente, à
descoberta das formas mais adequadas para atingir este objetivo. (p.
13)
A educação é produto
das relações sociais da sociedade. A natureza humana por existência
é social. A educação expressa, majoritariamente, as relações
sociais que nela são produzidas. Por isso que ao visualizar a
construção de uma sociedade humana, precisamos concomitantemente
elevar o nível de consciência de classe e o padrão cultural da
população, e para isso, precisamos de uma educação que
possibilite aos seres humanos compreender a realidade complexa e
contraditória para que nela possam intervir e transformá-la. É uma
relação dialógica, a educação é o vetor resultante de vários
outras vetores.
Obs: 1) Não confundir
CINEMÁTICA, que tem haver com velocidade, movimento, com DINÂMICA,
relação ou resultante da atuação de forças.
2) No pensamento
dialógico a ação resulta da ação de várias forças, de
onde nasce a síntese, já no pensamento dialético a síntese
resulta da atuação de apenas duas forças (Tese x Antítese).
Saviani
se refere a educação na perspectiva de humanização. É a
educação que desenvolve e potencializa o desenvolvimento das
habilidades e capacidades humanas. O homem é um ser que possui um
corpo, uma alma e um espírito. Para nós cristãos, judeus e
muçulmanos ainda há algo que nos torna mais humano do que todos os
outros, a nossa relação com o Eterno Deus. Dessa forma, este ser
terá a possibilidade do acesso aos bens espirituais (cultura, arte,
educação, música, inclusive no âmbito da cultura corporal como
esporte, ginástica, lutas, danças, etc.) e materiais (alimentação,
moradia, trabalho) já produzidos historicamente pela HUMANIDADE.
DESNVOLVIMENTO
Para
o autor, a educação é concebida como "produção do saber",
pois o homem sabe que sabe, é capaz de elaborar ideias, possíveis
atitudes e uma diversidade de conceitos a partir de outros já
existente. O ensino como parte da ação educativa é vista como
processo, no qual o professor é o "produtor", mas não por
isso o dono do saber e o aluno "consumidor" e colaborador
do saber. A aula seria produzida pelo professor e consumida pelo
aluno. O professor por possuir competência técnica é o responsável
pela transmissão e socialização do saber escolar, cabendo ao aluno
aprender os conteúdos para ultrapassar o saber espontâneo.
Saviani
enfatiza no currículo escolar, a escrita e o conhecimento
científico, colocando a escola como mediadora entre o saber popular
e o saber erudito, no sentido de sua superação. "Pela mediação
da escola, dá-se a passagem do saber espontâneo ao saber
sistematizado, da cultura popular à cultura erudita". O saber
popular seria o ponto de partida e o saber científico o ponto de
chegada. A igualdade para Saviani estaria no acesso ao saber
sistematizado, portanto, pelo ponto de chegada.
Neste
sentido Saviani deixe perceber nas entrelinhas que professor e aluno
são vistos como agentes sociais, produtores e produzidos
historicamente. Há, portanto, em Saviani, um projeto
político-pedagógico de compromisso de mudança social, objetivando
uma sociedade igualitária.
Saviani
compreende o ser humano como produtor, uma vez que necessita produzir
para sua própria existência, essa produção se da através do
trabalho, sendo essa a principal diferença entre o homem e os outros
animais, pois o homem por ser racional utiliza-se desse saber para
conquistar o lugar de destaque entre os demais. Na sua concepção o
compreende também por práxis e cultural, já que possui habilidades
capazes de intervir na transformação, portanto no desequilíbrio da
natureza.
Saviani
também admitiu o caráter dinâmico real, como define a concepção
humanista moderna, em que a existência antecede a essência, dito de
outra forma, a natureza humana é mutável, determinada pela
existência "a priori". Essa concepção "humanista
existencialista", segundo Saviani (1980, p.16-18), abrange as
correntes tais como o Pragmatismo, Vitalismo, Historicismo,
Existencialismo e Fenomenologia. A sociedade está no indivíduo,
assim como o indivíduo está na sociedade. Desse modo, determinando
e evoluindo no sentido de uma nova formação social.
Assim
sendo, o homem pode realizar dois tipos de trabalho, ou seja, dois
tipo de modificação da natureza à sua volta, que seriam o trabalho
material e o não-material, intelctual. O trabalho material
caracteriza-se pela produção de bens materiais,de objetos
palpáveis. Já o trabalho não-material se dá a partir da produção
de conhecimento, do saber, e este tipo de trabalho representa a
antecipação dos objetos materiais, faz parte da idealização da
criação dos bens materiais.
A
partir daí, surge a necessidade de se formalizar esta idealização,
criando um sistema organizado para repassar o conhecimento para
futuras gerações. A educação, que não somente diz respeito à
escola em si, mas a qualquer tipo de aprendizado, passa a ser
estruturada. É aí que a escola se apresenta: na sistematização do
conhecimento. Como Saviani aponta, trazer o conceito de “clássico”
a tona é essencial, pois nos mostra o que deve ser prioridade neste
ensino sistematizado. Clássico é aquilo que representa o essencial,
o fundamental para a vida em sociedade,para se conhecer o mundo e
poder realmente transformá-lo. Segundo o autor, é de suma
importância que os “clássicos” ensinados na escola sejam: “ler,
escrever, contar, os rudimentos das ciências”.
Segundo
o Dicionario Informal o currículo oculto é “aquilo que não está
programado, planejado para a aula e que se faz necessário trabalhar
com os alunos. Exemplo: valores, ética, bons costumes,algum problema
que surgiu na classe, no bairro, na cidade,etc.”
É
chamado currículo
oculto
a aquelas aprendizagens que são incorporados pelos estudantes,
mas estes aspectos não estão incluídos no currículo oficial.
Dependendo das circunstâncias e do contato da sociedade e do mundo
com esses estudantes esses conteúdos podem ou não podem a ser
"ensinado" para expressar intenção. Qualquer ambiente,
incluindo os das atividades sociais e recreativas tradicionais, podem
fornecer lições não intencionais e que a aprendizagem não está
ligada ligada aos conteúdos da escola,
mas também para as experiências através do qual passa uma pessoas
(sejam eles da escola ou não).
O
conceito que expressa o currículo oculto é a ideia de que as
escolas fazem mais do que simplesmente transmitir conhecimentos, que
estão estabelecidos nos currículos oficiais. Subjacente a este
existem temas e conteúdos das outras instituições sociais, as
fundações políticas e produtos culturais de atividades
educacionais modernos.
Currículo
escondido frequentemente refere-se ao conhecimentos adquiridos nas
escolas de ensino fundamental e médio que são internalizados a
partir da cultura onde a escola esta instalada, geralmente com um
produto de conotação negativa sub-repticiamente para influenciar a
comunidade escolar. Por exemplo, gerar rejeição atinge alguns
sistemas de ensino para promover o desenvolvimento intelectual com
certos preconceitos, como por exemplo: os esteriótipos, os estigmas,
os apelidos pejorativos, ou a ação de indivíduos associados com
correntes ideológicas determinada a usar sua posição para
influenciar o desenvolvimento de seus alunos e levá-los a aderir à
visão relacionada com a sua posição ideológica. Neste contexto, o
currículo oculto pode reforçar as desigualdades sociais através da
preconização de comportamentos ditos “normais” e “naturais”
em termos de classe e status social dos alunos, ou pode servir como
uma ferramenta para manipular os alunos induzindo a conteúdos
alheios à matéria de educação (, .. políticos, religiosos)
organizações. O currículo oculto também pode referir-se à
transmissão de normas, valores e crenças que acompanham o conteúdo
educativo formal e interações sociais dentro destes centros de
educação.
CONCLUSÃO
Diante
do exposto afirmamos extremamente pertinentes as considerações do
autor acerca do currículo oculto, que o homem não nasce humano, ele
se torna, a partir do momento que, através da educação, da
interação com a cultura, com o trabalho se relaciona com a natureza
do SER, ele se torna humano. Denominamos isso por processo de
humanização do homem (homo sapiens sapiens) aquele que sabe que
pode saber, que pode aprender.
O
que é o homem sem Deus?! Um homo sapiens!
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Diretrizes
Curriculares Nacionais para os Cursos de Educação Física.
Resolução CNE/CES 7/2004. Diário Oficial da União. Seção 1, p.
18. Brasília, 5 de abril de 2004.
BRASIL.
Referenciais Curriculares Nacionais dos Cursos de Bacharelado e
Licenciatura/Secretaria de Educação Superior. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Superior, 2010.
DICIONÁRIO
INFORMAL.
http://www.dicionarioinformal.com.br/curr%C3%ADculo%20oculto/
SAVIANI,
Dermeval. Pedagogia Histórico Crítica: Primeiras aproximações.
9.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
VÍDEOS:
Dermeval Saviani Parte 1 - Youtube - Dare Arantes - Acesso em 18 de março de 2015.
Por
que estudar História da Educação? - Dermeval Saviani -
Youtube -
NOVA
ESCOLA
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