segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O Currículo Escolar salientado por Demerval Saviani


O Currículo Escolar salientado por Demerval Saviani

Ojr. Bentes



RESUMO

Este texto tem como objetivo, a partir dos textos indicados e tendo como base o texto de Demerval Saviani, aprofundar a compreensão do que é o currículo escolar bem como a possibilidade de sua utilização pelos coordenadores pedagógicos como instrumento de estruturação de sua atuação escolar, tendo em vista que ele é de fundamental importância para a organização do trabalho pedagógico da escola, e sua importância para a viabilização do direito à educação. O currículo possibilita à coordenação pedagógica, avaliar o impacto das propostas curriculares construídas coletivamente na prática escolar, bem como orientar propositivamente os professores para o desenvolvimento do seu trabalho, o currículo mostra o caminho a ser seguido. Entende-se que cabe ao coordenador pedagógico promover o debate sobre as definições curriculares e o que isso implica para a potencialização do seu papel na escola.

INTRODUÇÃO

Saviani (2005) afirma que:
Podemos, pois, dizer que a natureza não é dada ao homem, mas é por ele produzida sobre a base da natureza biofísica. Consequentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie para que eles se tornem humanos, e de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir este objetivo. (p. 13)

A educação é produto das relações sociais da sociedade. A natureza humana por existência é social. A educação expressa, majoritariamente, as relações sociais que nela são produzidas. Por isso que ao visualizar a construção de uma sociedade humana, precisamos concomitantemente elevar o nível de consciência de classe e o padrão cultural da população, e para isso, precisamos de uma educação que possibilite aos seres humanos compreender a realidade complexa e contraditória para que nela possam intervir e transformá-la. É uma relação dialógica, a educação é o vetor resultante de vários outras vetores.
Obs: 1) Não confundir CINEMÁTICA, que tem haver com velocidade, movimento, com DINÂMICA, relação ou resultante da atuação de forças.
2) No pensamento dialógico a ação resulta da ação de várias forças, de onde nasce a síntese, já no pensamento dialético a síntese resulta da atuação de apenas duas forças (Tese x Antítese).

Saviani se refere a educação na perspectiva de humanização. É a educação que desenvolve e potencializa o desenvolvimento das habilidades e capacidades humanas. O homem é um ser que possui um corpo, uma alma e um espírito. Para nós cristãos, judeus e muçulmanos ainda há algo que nos torna mais humano do que todos os outros, a nossa relação com o Eterno Deus. Dessa forma, este ser terá a possibilidade do acesso aos bens espirituais (cultura, arte, educação, música, inclusive no âmbito da cultura corporal como esporte, ginástica, lutas, danças, etc.) e materiais (alimentação, moradia, trabalho) já produzidos historicamente pela HUMANIDADE.


DESNVOLVIMENTO

Para o autor, a educação é concebida como "produção do saber", pois o homem sabe que sabe, é capaz de elaborar ideias, possíveis atitudes e uma diversidade de conceitos a partir de outros já existente. O ensino como parte da ação educativa é vista como processo, no qual o professor é o "produtor", mas não por isso o dono do saber e o aluno "consumidor" e colaborador do saber. A aula seria produzida pelo professor e consumida pelo aluno. O professor por possuir competência técnica é o responsável pela transmissão e socialização do saber escolar, cabendo ao aluno aprender os conteúdos para ultrapassar o saber espontâneo.


Saviani enfatiza no currículo escolar, a escrita e o conhecimento científico, colocando a escola como mediadora entre o saber popular e o saber erudito, no sentido de sua superação. "Pela mediação da escola, dá-se a passagem do saber espontâneo ao saber sistematizado, da cultura popular à cultura erudita". O saber popular seria o ponto de partida e o saber científico o ponto de chegada. A igualdade para Saviani estaria no acesso ao saber sistematizado, portanto, pelo ponto de chegada.


Neste sentido Saviani deixe perceber nas entrelinhas que professor e aluno são vistos como agentes sociais, produtores e produzidos historicamente. Há, portanto, em Saviani, um projeto político-pedagógico de compromisso de mudança social, objetivando uma sociedade igualitária.


Saviani compreende o ser humano como produtor, uma vez que necessita produzir para sua própria existência, essa produção se da através do trabalho, sendo essa a principal diferença entre o homem e os outros animais, pois o homem por ser racional utiliza-se desse saber para conquistar o lugar de destaque entre os demais. Na sua concepção o compreende também por práxis e cultural, já que possui habilidades capazes de intervir na transformação, portanto no desequilíbrio da natureza.


Saviani também admitiu o caráter dinâmico real, como define a concepção humanista moderna, em que a existência antecede a essência, dito de outra forma, a natureza humana é mutável, determinada pela existência "a priori". Essa concepção "humanista existencialista", segundo Saviani (1980, p.16-18), abrange as correntes tais como o Pragmatismo, Vitalismo, Historicismo, Existencialismo e Fenomenologia. A sociedade está no indivíduo, assim como o indivíduo está na sociedade. Desse modo, determinando e evoluindo no sentido de uma nova formação social.


Assim sendo, o homem pode realizar dois tipos de trabalho, ou seja, dois tipo de modificação da natureza à sua volta, que seriam o trabalho material e o não-material, intelctual. O trabalho material caracteriza-se pela produção de bens materiais,de objetos palpáveis. Já o trabalho não-material se dá a partir da produção de conhecimento, do saber, e este tipo de trabalho representa a antecipação dos objetos materiais, faz parte da idealização da criação dos bens materiais.

A partir daí, surge a necessidade de se formalizar esta idealização, criando um sistema organizado para repassar o conhecimento para futuras gerações. A educação, que não somente diz respeito à escola em si, mas a qualquer tipo de aprendizado, passa a ser estruturada. É aí que a escola se apresenta: na sistematização do conhecimento. Como Saviani aponta, trazer o conceito de “clássico” a tona é essencial, pois nos mostra o que deve ser prioridade neste ensino sistematizado. Clássico é aquilo que representa o essencial, o fundamental para a vida em sociedade,para se conhecer o mundo e poder realmente transformá-lo. Segundo o autor, é de suma importância que os “clássicos” ensinados na escola sejam: “ler, escrever, contar, os rudimentos das ciências”.

Segundo o Dicionario Informal o currículo oculto é “aquilo que não está programado, planejado para a aula e que se faz necessário trabalhar com os alunos. Exemplo: valores, ética, bons costumes,algum problema que surgiu na classe, no bairro, na cidade,etc.”


É chamado currículo oculto a aquelas aprendizagens que são incorporados pelos estudantes, mas estes aspectos não estão incluídos no currículo oficial. Dependendo das circunstâncias e do contato da sociedade e do mundo com esses estudantes esses conteúdos podem ou não podem a ser "ensinado" para expressar intenção. Qualquer ambiente, incluindo os das atividades sociais e recreativas tradicionais, podem fornecer lições não intencionais e que a aprendizagem não está ligada ligada aos conteúdos da escola, mas também para as experiências através do qual passa uma pessoas (sejam eles da escola ou não).


O conceito que expressa o currículo oculto é a ideia de que as escolas fazem mais do que simplesmente transmitir conhecimentos, que estão estabelecidos nos currículos oficiais. Subjacente a este existem temas e conteúdos das outras instituições sociais, as fundações políticas e produtos culturais de atividades educacionais modernos.


Currículo escondido frequentemente refere-se ao conhecimentos adquiridos nas escolas de ensino fundamental e médio que são internalizados a partir da cultura onde a escola esta instalada, geralmente com um produto de conotação negativa sub-repticiamente para influenciar a comunidade escolar. Por exemplo, gerar rejeição atinge alguns sistemas de ensino para promover o desenvolvimento intelectual com certos preconceitos, como por exemplo: os esteriótipos, os estigmas, os apelidos pejorativos, ou a ação de indivíduos associados com correntes ideológicas determinada a usar sua posição para influenciar o desenvolvimento de seus alunos e levá-los a aderir à visão relacionada com a sua posição ideológica. Neste contexto, o currículo oculto pode reforçar as desigualdades sociais através da preconização de comportamentos ditos “normais” e “naturais” em termos de classe e status social dos alunos, ou pode servir como uma ferramenta para manipular os alunos induzindo a conteúdos alheios à matéria de educação (, .. políticos, religiosos) organizações. O currículo oculto também pode referir-se à transmissão de normas, valores e crenças que acompanham o conteúdo educativo formal e interações sociais dentro destes centros de educação.



CONCLUSÃO


Diante do exposto afirmamos extremamente pertinentes as considerações do autor acerca do currículo oculto, que o homem não nasce humano, ele se torna, a partir do momento que, através da educação, da interação com a cultura, com o trabalho se relaciona com a natureza do SER, ele se torna humano. Denominamos isso por processo de humanização do homem (homo sapiens sapiens) aquele que sabe que pode saber, que pode aprender.
O que é o homem sem Deus?! Um homo sapiens!


REFERÊNCIAS:


BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Educação Física. Resolução CNE/CES 7/2004. Diário Oficial da União. Seção 1, p. 18. Brasília, 5 de abril de 2004.
 
BRASIL. Referenciais Curriculares Nacionais dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura/Secretaria de Educação Superior. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Superior, 2010.
 
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico Crítica: Primeiras aproximações. 9.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.


VÍDEOS:


Dermeval Saviani Parte 1 - Youtube - Dare Arantes - Acesso em 18 de março de 2015.

Por que estudar História da Educação? - Dermeval Saviani - Youtube - NOVA ESCOLA
https://www.youtube.com/watch?v=qxXk9ZWrXTc - Acesso em 17 de março de 2015.




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