segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A Origem Econômica do Estado Moderno - Gênova



Texto Base: A Configuração Econômica do Estado na Sociedade Capitalista Contemporânea. Mário João Figueiredo.



RESUMO



O que se pretende neste texto é uma possível origem econômica para o Estado Moderno, qual seja, uma tendo como base a concepção marxista. A exposição será iniciada pela apresentação do pensamento de Marx e Engels sobre o assunto. A opção por se apresentar a concepção do mercantilismo de Estado de alguns autores num mesmo momento decorre da comunhão de pensamento de ambos conceitos sobre os temas abordados em sala de aula, mas principalmente pelo fato de que a explicitação dos pensamentos ocorrem numa obra que compila o pensamento de vários autores.


INTRODUÇÃO


O Capitalismo Comercial, Mercantilismo, é conhecido como a primeira fase do Capitalismo. Sua gestação começou no Renascimento Comercial dos séculos XIII e XIV, com as navegações marítimas no Mediterrâneo. Porém, o Capitalismo Comercial ganhou força no início no século XV com o desenvolvimento burgos, pequenas cidades autônomas e independentes, e da burguesia comercial europeia. As grandes navegações e conquistas marítimas dos séculos XV e XVI foram de fundamental importância para o desenvolvimento do capitalismo neste momento. Os locais onde o capitalismo comercial mais se desenvolveu foram: cidades italianas de Gênova e Veneza.

Mercantilismo: era uma política econômica que priorizava o protecionismo alfandegário, Pacto Colonial (relações comerciais exclusivas entre Metrópole e Colônia) e a balança comercial favorável (mais exportações do que importações), o acúmulo primitivo de capital através do metalismo, acumulação de ouro e prata, que mais tarde foram usados para cunhar moeda. O acúmulo de moedas requereu a criação de instituições fortes que guardassem e dessem segurança à riqueza produzida, estas instituições deram origem aos bancos. O desenvolvimento do sistema bancário favoreceu o avanço do capitalismo comercial e sua transição para a segunda fase do Capitalismo.

A acumulação primitiva do capital e o princípio da poupança.

Acumulação primitiva do capital foi o processo de acumulação de riquezas ocorrido na Europa entre os séculos XVI e XVIII, que segui a fase de acumulação das cidades italianas no séculos anteriores, que possibilitou as grandes transformações econômicas da Revolução Industrial, àquela fase, para efeito de desambiguação chamaremos de Acumulação Originária. Acumulação primitiva do capital foi estudada e descrita por Karl Marx, que tomou a Inglaterra como modelo de sua teoria. A acumulação primitiva de capital para Marx se desenvolveu a partir de dois pressupostos: um foi a concentração de grande massa de recursos (dinheiro, ouro, prata, terras) nas mãos de um pequeno número de proprietários; outro foi a formação de um grande contingente de indivíduos despossuídos de bens e obrigados a vender sua força de trabalho aos senhores de terra e donos de manufaturas. Historicamente, isso foi possível graças às riquezas acumuladas pelos negociantes europeus com o tráfico de escravos africanos, com o saque colonial e a apropriação privada das terras comunais dos camponeses, com o protecionismo às manufaturas nacionais e com o confisco e venda a baixo preço das terras da Igreja por governos revolucionários. Com o advento da Revolução Industrial, conclui Marx, a acumulação primitiva foi substituída pela acumulação capitalista, porém esta acumulação primitiva só ocorreu por que em alguma parte da Europa antes da Inglaterra, alguém se preocupou em poupar para acumular, para depois investir, que trataremos como Acumulação Originária.  


Esta acumulação originária desempenhou na economia política aproximadamente o mesmo papel que o pecado original na teologia. Adão deu uma dentada na maçã, e deste modo o pecado desceu sobre o gênero humano. A origem daquele é explicada ao ser contada como anedota do passado. Num tempo remoto havia, de um lado, uma elite diligente, inteligente, e sobretudo frugal, e do outro uma escumalha preguiçosa, que dissipava tudo o que tinha e mais.

O dinheiro e a mercadoria não são desde o início capital, tão-pouco os meios de produção e de vida. Carecem da transformação em capital. Mas esta mesma transformação só pode processar-se em circunstâncias determinadas, que se condensam no seguinte: duas espécies muito diferentes de possuidores de mercadorias têm de se pôr frente a frente e entrar em contacto, de um lado proprietários de dinheiro, de meios de produção e de vida, aos quais o que interessa é valorizar a soma de valor por eles possuída por meio da compra de força de trabalho alheia; do outro lado trabalhadores livres, vendedores da força de trabalho própria e por isso vendedores de trabalho.  

A estrutura econômica da sociedade capitalista saiu da estrutura econômica da sociedade feudal via cidades italianas, em especial Gênova. A dissolução sociedade feudal libertou os elementos da sociedade capitalista.

O ponto de partida do desenvolvimento que gera tanto o operário assalariado como o capitalista foi a servidão do trabalhador. O progresso consistiu numa mudança de forma desta servitude, na transformação da exploração feudal em capitalista. Para compreender o seu curso não precisamos de recuar muito. Embora os primeiros começos de produção capitalista se nos deparem esporadicamente já nos séculos XIX e XV em algumas cidades do Mediterrâneo, a era capitalista data apenas do século XVI. Ali onde ela aparece está a abolição da servidão há muito consumada, e o ponto mais brilhante da Idade Média, a existência de cidades soberanas, desde longo tempo a empalidecer.

Foi na Itália que a produção capitalista se desenvolveu mais cedo,embrionariamente, também foi lá que a dissolução das relações de servidão teve lugar mais cedo, nas cidades autônomas italianas. O servo foi lá emancipado antes de ter assegurado qualquer direito prescritivo à terra. A sua emancipação transforma-o, portanto, imediatamente num proletário fora-da-lei que, para mais, encontra os novos senhores à sua espera nas cidades, na sua maioria já legadas do tempo dos romanos. Quando a revolução do mercado mundial desde o fim do século XV, aniquilou a supremacia comercial da Itália do Norte, nasceu um movimento em direção inversa. Os operários das cidades foram empurrados em massa para o campo e aí deram um impulso nunca visto à pequena cultura, conduzida segundo a maneira da jardinagem. (Nota de Marx.)



O PRIMEIRO CICLO SISTÊMICO DE ACUMULAÇÃO: O CAPITALISMO GENOVÊS

O capitalismo financeiro embrionário genovês desenvolveu-se (século XIV) sob o impacto das mesmas circunstâncias sistêmicas do capitalismo financeiro de outras cidades-Estado italianas - Milão, Florença e Veneza. À medida que se intensificavam as pressões competitivas e que houve uma escalada na luta pelo poder, o capital excedente, que já encontrava investimentos lucrativos no comércio, foi mantido em estado de liquidez e usado para financiar a crescente dívida pública das cidades-Estado, cujo patrimônio e receita futura foram mais completamente alienados do que nunca a suas respectivas classes capitalistas.
Com a fundação da Casa di San Giorgio em 1407, em Gênova, criou-se uma instituição de controle das finanças públicas por credores privados, ocorrendo 3 séculos antes do Banco da Inglaterra. As raízes da excepcionalidade genovesa estavam em suas origens aristocráticas de seu capitalismo e na precocidade com que a Gênova havia anexado a região rural circundante. Em Gênova a relocação do capital excedente do comércio de longa distância para os investimentos na posse de terras e na gestão do Estado ocorreu de um modo diferente de suas concorrentes Veneza e Florença. A transferência em Gênova foi promovida e organizada por uma aristocracia rural revigorada pela expansão comercial anterior, como um meio de reafirmar em maior escala seu controle monopolístico. Longe de beneficiar as classes mercantis urbanas, essa relocação criou uma barreira social insuperável para a expansão interna de sua riqueza e poder.
O governo genovês se mostrou incapaz de resolver os problemas da cidade-estado, porém resolveu os problemas financeiros da cidade. Se a ideologia da “moeda forte” tomou força na Inglaterra do século XIX e nos círculos acadêmicos dos EUA, sua prática floresceu em Gênova. Essa é a perspectiva deste texto.

REFERÊNCIAS

Capitalismo Comercial - In: https://www.suapesquisa.com/capitalismo/capitalismo_comercial.htm

O Capital. A Chamada Acumulação Original - In: https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap01.htm


O PRIMEIRO CICLO SISTÊMICO DE ACUMULAÇÃO: O CAPITALISMO GENOVÊS - In: http://www.historialivre.com/moderna/genoves.ht

O que é acumulação primitiva do capital? - In: http://klickeducacao.com.br/bcoresp/bcoresp_mostra/0,6674,POR-971-6696,00.html





Nenhum comentário:

Postar um comentário