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Raimunda
recolheu-se ao barracão e contou os fatos ao Gonçalo, seu pai.
Evidentemente o homem ficou cismado, pois conhecia todo mundo naquelas
paragens e nada sabia dos sujeitos.
Na hora de maior sono, palmas em
frente à casa. Gonçalo pulou da cama e foi verificar, nada de gente! E
palmas novamente! O homem começou a ficar bravo e espraguejar,
principalmente pelas pedradas seguidas que se iniciaram sobre a casa. Só
pode ser moleque, certamente esses rapazes que sua filha viu e que
deveriam estar com ela para roubar-lhe e sumir no mundo. A cada pedrada e
palmas o homem ficava mais furioso ainda, a ponto de dicutir
ferrenhamente com seus parentes. Gritava, espraguejava, e queria agredir
sua filha, a quem sempre acusava. Para maior espanto de seus
familiares, qual a razão disso? Já que nada viam ou ouviam!
O Gonçalo estava transformado,
parecia não ser o mesmo. Só quando suas forças se esgotaram que dormiu
profundamente, para alívio de todos, tão assustados e sem o porquê da
situação.
Os dias seguintes não foram mais os
mesmos..... Gonçalo entrara numa situação de abatimento profundo. Pouco
falava, desinteressado de tudo e com longas horas falando baixinho e
sozinho. Buscavam e imaginavam causas a essa “PANEMAGEM” mas, em terras
onde acreditava-se em uiara e matinta-pereira, de benzedeiras e
pajelanças (únicos meios de se agarrar a uma “assistência em saúde”)
logo se mitificou a situação. Lembraram da história da Raimunda e dos
rapazes desconhecidos e concluíram: Só poderiam ser botos “mundiando”
mais uma pobre alma para carregá-la a seu mundo encantado.
Talvez por quererem ver, acreditarem
sinceramente nestas coisas, houve muitos relatos de verem o Gonçalo, que
gostava de ficar sozinho na ponta do trapiche, estar sempre acompanhado
e conversando com três rapazes. Uns contaram até que avistaram um deles
pulando na água e sumindo, aparecendo logo em seguida um boto. Diga-se
aqui que era comum botos transitarem por essas paragens, principalmente
nos horários de menor movimento, como no entardecer e perto do
trapiche...tão avançado no rio.
Acreditando-se ou não, diante do
sentimento de impossibilidade de curar o Gonçalo, deixaram-no com suas
“visagens” e sempre um frio percorria o corpo de quem avistava-o no
trapiche “conversando com os botos”, de quem já era encantado!
Mistérios na Amazônia... Verdade ou
mentira, ficou o fato do Gonçalo morrer pouquíssimo tempo depois e,
naquele trapiche, ninguém querer circular sozinho à noite.
Você talvez estranhe essa história, não são os botos vistos sempre como conquistadores? Sim, mas ali, na mente de todos era mais que isso, eram símbolos de morte quando simpatizavam com a alma de alguém. Acreditou-se por muito tempo nisso e, de boato em boato, aí está mais um fato marcante na história e agir de todos daquele lugar e tempo... um pouco acima das três bocas, tantos anos atrás, lá nas margens do Jacaré grande!!
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