Texto base 2: Iara: a sereia brasileira. In: http://www.marioedianacorso.com/iara-a-sereia-brasileira
Introdução
É lógico que
nessa lenda a relação direta é com o eterno estado de lubrificação
da vagina, estar sempre "molhadinha", pronta para o ato
sexual e com a água que torna o ato sexual mais prazeroso para todas
as "sereias" sejam dos igarapés, rios ou do mar!
A
representação social da Iara é a de uma ninfomaníaca que gosta de
manter relações sexuais nas margens dos rios e igarapés. Na
maioria das vezes são relações proibitivas, no caso das mulheres
casadas, para que o jovem ou adolescente, que manteve relação com
ela, não conte nada a ninguém, ela ameaça contar tudo para o
marido que poderá matar o jovem. Já no caso das adolescentes
menores o caso tem que ficar abafado, mesmo por que, na maioria das
vezes o enquadramento é de ESTUPRO PRESUMIDO DE VULNERÁVEL.
Será
que a Iara "matou" seus irmãos quando ela manteve relações
sexuais com os mesmos?!
Também
conhecida como a “mãe das águas”, Iara é uma personagem do
folclore
brasileiro. De acordo com a lenda, de origem indígena, Iara é
uma linda sereia (corpo de mulher da cintura para cima e de peixe da
cintura para baixo) morena de cabelos negros e olhos castanhos.
Com
longos cabelos pretos e olhos castanhos, a sereia Iara emite uma
melodia que atrai os homens, os quais ficam rendidos e hipnotizados
com seu canto e sua voz doce.
Reza
a lenda que os irmãos sentiam inveja de Iara, também considerada
corajosa guerreira e, por isso, resolvem matá-la.
Todavia,
no momento do embate, pelo fato de possuir habilidades guerreiras,
Iara consegue inverter a situação e acaba matando seus irmãos.
Diante disso, com muito medo da punição de seu pai, o pajé da
tribo, Iara resolve fugir, mas seu pai consegue encontrá-la. Como
castigo pela morte dos irmãos, ele resolve lançá-la ao rio. Os
peixes do rio resolvem salvar a bela jovem transformando-a na sereia
Iara.
A
lenda conta que a linda sereia fica nos rios do norte do país, onde
costuma viver. Passa grande parte do tempo admirando sua beleza no
reflexo das águas, brincando com os peixes e penteando seus cabelos
com um pente de ouro.
Nas
pedras das encostas, costuma atrair os homens com seu belo e
irresistível canto, que ecoa pelas águas e florestas da região. As
vítimas costumam seguir Iara até o fundo dos rios, local de onde
nunca mais voltam. Os poucos que conseguem voltar acabam ficando
loucos em função dos "encantamentos", melhor dizendo
maldições da sereia. Neste caso, conta a lenda, somente um ritual
realizado por um pajé
(chefe religioso indígena, curandeiro) pode livrar o homem do
feitiço.
Origem
da personagem
Contam os índios da região amazônica que Iara era uma excelente índia guerreira. Os irmãos tinham ciúmes dela, pois o pai a elogiava muito. Certo dia, os irmãos resolveram matar Iara. Porém, ela ouviu o plano e resolveu matar os irmãos, como forma de defesa. Após ter feito isso, Iara fugiu para as matas. Porém, o pai a perseguiu e conseguiu capturá-la. Como punição, Iara foi jogada no rio Solimões (região amazônica). Os peixes que ali estavam a salvaram e, como era noite de lua cheia, ela foi transformada numa linda sereia.
Curiosidades:
- A palavra Iara é de origem indígena. Yara significa “aquela que mora na água”.
-
De acordo com algumas versões da lenda, quando está fora das águas,
Iara se transforma numa linda mulher, perdendo seus poderes.
-
A "rainha das águas" como também é conhecida Iara,
possui o poder de enfeitiçar os homens que olham diretamente em seus
olhos.
Até
Ulisses, guerreiro invencível e grande estrategista, viu-se mal
frente aos encantos irresistíveis das sereias. Mulheres, diria ele,
são mais perigosas que qualquer inimigo. Envolventes, elas não
querem nada menos que tudo… Entre os diversos tipos de monstros
femininos, a começar pelas bruxas (as matriarcas do território
mágico), provavelmente as sereias sejam as que melhor encarnam a
representação da mulher como uma cilada, aquelas cuja sedução é
tão irrecusável quanto mortífera.
A
Iara é a versão brasileira da sereia, esse ser metade
mulher, metade peixe, que existe no folclore de quase todos os povos.
Sua imagem é duma mulher atraente: teria os cabelos loiros longos,
os olhos claros, geralmente verdes, e, da cintura para baixo, um rabo
de peixe do tamanho equivalente ao das pernas. Sua arma é o encanto,
tanto pela linda voz com que canta, como pela sua aparência
deslumbrante. Faz parte ainda de sua sedução a promessa de riquezas
ou de uma vida melhor em seu reino subaquático. Com essas iscas
atrai as vítimas para seus domínios. Enquanto as sereias consumam o
bote de uma vez, a Iara pode atuar também a longo prazo. Depois do
golpe do amor à primeira vista, a Iara instala-se no coração
da vítima, a qual, por mais que tente resistir, acaba buscando-a e
some no rio.
Ao
contrário do que se pensa e do que o nome sugere, não se trata de
um mito indígena. Os nossos índios tinham personagens aquáticos,
mas não eram propriamente sedutores: eles agarravam e matavam suas
vítimas de forma gratuita e brutal. O que temos no caso da Iara
é a versão de um mito europeu, recontada com as tintas da paisagem
local. Embora seu nome possa ser traduzido do tupi por “senhora”
(também no sentido de ter um domínio), seu nome talvez provenha dum
personagem indígena que vivia nas águas, o Ipupiara,
textualmente: o que reside no fundo das águas. A mistura
desse demônio indígena, geralmente masculino, com o mito europeu da
sereia resultou na Iara. Na verdade, fora o nome, ela em pouco
difere da sereia européia. Às vezes, é descrita como sendo
constituída por uma metade mulher e uma metade cobra. Nesse caso,
provavelmente estamos frente a um resquício de outro personagem: a
Cobra-grande, um mito indígena aquático. Outras vezes, é
confundida com a Mãe-d’água, esse sim um mito genuinamente
nacional, mas que só tangencialmente podemos ver nele elementos em
comum com a sereia. Para os índios tudo tem uma mãe (uma Cy),
que é ao mesmo tempo a origem da coisa e o espírito protetor que a
guarda, ora, os rios também teriam esse ser guardião, essa “mãe”.
Mais
do que peixe n’água, uma mulher sabe ser uma boa isca. Sabendo
fazer caras e bocas não há homem que consiga resistir, já que
recusar seus encantos faz os homens sentirem-se menos viris. Não se
trata apenas de uma correlação entre os atrativos femininos e os
hormônios masculinos, a sedução é o tipo de apelo que fica mal
não atender, por isso mesmo os mais viris sucumbem. Porém, ao
segui-la, a presa afoga-se ou fica presa em seus domínios. É aí
que o caçador torna-se caça.
Mas
para onde vão os capturados pelas sereias? Predominantemente são
pensados como mortos. Quanto às sereias gregas não há dúvidas, a
ilha em volta está cheia de carcaças humanas, viraram pasto. As
européias é possível que também consumam suas presas, mas lá já
fica a dúvida, que na Iara já é bem maior, de que eles estariam
presos nesse reino prodigioso, vivendo do bom e do melhor. A
Cotaluna, sereia de João Pessoa, é uma variação regional
da Iara. Essa sim deixa seus homens partirem depois da
captura, porém eles nunca mais serão os mesmos, ela lhes sugou a
força vital, tornado-os destituídos de vontade. De qualquer
maneira, creio que esse mito alude ao quanto o amor é anti-social,
pois os amantes fecham-se sobre si e dão as costas para o mundo.
Vale
lembrar, que as sereias gregas que tentaram Ulisses eram hibridizadas
com pássaros, do torso para baixo eram aves e viviam nas pedras
junto ao mar. Portanto, o lado animal dessas perigosas fêmeas pode
variar, mas não a ameaça que isso representa. No folclore europeu,
como em tantos outros, as águas podem ser reinos de seres mágicos.
De forma geral, águas calmas, lagos, represas e fontes costumam ser
habitadas por seres femininos; enquanto nas águas agitadas, rios e
corredeiras, encontram-se seres masculinos. Ambos são sedutores, mas
as criaturas mágicas femininas – sereias ou ondinas – têm na
sedução sua principal característica: costumam encantar jovens
homens que se perdem nas águas para nunca mais serem vistos.
Tanto
a sereia européia como a Iara representam a dificuldade de
nossos antepassados para lidar com o sexo em geral e com a beleza e
os encantos femininos em particular. A mulher era concebida como
fonte do pecado e quanto mais bela, mais tentadora. A tentação, no
caso, equivale ao descontrole, elas detêm o poder sobre o momento em
que os homens deixam de ser senhores de sua vontade, podem
enlouquecê-los e possuí-los… Perigosa assim, só mesmo a mãe.
Uma mulher que os filhos pequenos sempre consideram linda e poderosa,
cuja vontade acaba sempre prevalecendo à deles, e cujos encantos
sempre se sobreporão a quaisquer outros no mundo. A sereia é
herdeira do enamoramento do bebê por sua mãe, um vínculo que tende
ao absoluto, ao todo, à mútua satisfação, ao apagamento do mundo
em volta. O estado de entrega inebriada de um bebê mamando equivale
ao de ser engolido pelas águas dessas criaturas híbridas, que na
água parecem estar em seu elemento e é para ele que atrairão o seu
homem-objeto.
Mas
não podemos esquecer que a Iara/Sereia, embora
belíssima, em sua parte inferior esconde um animal.
Psicanaliticamente falando, o problema das mulheres não é o que se
vê da cintura para baixo: é o que não se vê. Freud dedicou linhas
ousadas ao tema do fetichismo, ou seja, o que pode restar na vida
erótica masculina frente à constatação da ausência do seu
precioso órgão na metade dos indivíduos da humanidade. Onde foi
parar o pênis desses, que ainda por cima se sexuam em torno de um
buraco? Sem dúvida trata-se de um vazio cheio de sentimentos e
sensações, mas que tem a marca de uma ausência. Por que não
pensar que esses países baixos sejam de seres de outra espécie?
Seria uma forma radical de ilustrar a diferença dos sexos.
Resta
a questão do porquê os seres humanos dessa espécie “fêmea”
seriam tão perigosos. A primeira explicação remete à
anteriormente mencionada mãe, um personagem forte e inesquecível,
que, ainda bem, só temos uma. A segunda, diz respeito às
dificuldades oriundas dessa “castração” feminina, cuja
existência é, para os homens, constante fonte de ameaça. Uma
terceira hipótese poderia ser mais sociológica: carentes do poder
formal, as mulheres, durante séculos de opressão masculina,
desenvolveram formas ardilosas e caseiras de poder. Dentro do
ambiente fechado e doméstico, onde um homem é atraído pela força
de seus encantos, ele não passa de um joguete de seus desejos e
intenções, mais tonto do que o pobre Macbeth, o falso rei do
castelo.
Por
último, convém não esquecer que o sexo sempre vem acompanhado de
uma representação selvagem e ameaçadora. Ela é fruto das nossas
hipóteses infantis que confundiam o intercurso sexual com um vínculo
agressivo, em função da violência aparente das suas imagens e
sons. Portanto, um personagem tão erotizado como a sereia não
poderia dar em boa coisa. Moral da história: todo cuidado é pouco
com os encantos femininos, o sexo é animal e, da cintura para baixo,
é que está o perigo.
A LENDA DA IARA E DO BOTO ROSA – reflexões sobre o transtorno de personalidade borderline. In : https://www.bonde.com.br/colunistas/mitos-e-sonhos/a-lenda-da-iara-e-do-boto-rosa-reflexoes-sobre-o-transtorno-de-personalidade-borderline-309379.html
Canta,
cantando o exílio, que os ecos repetem pela floresta, e que, quando
chega a noite, ressoam nas águas do gigante dos rios.
Cai
a noite, as rosas e os jasmins saem dos cornos dourados e se espalham
pelo horizonte, e ela canta e canta sempre; porém o moço tapuio que
passa não se anima a procurar a fonte do igarapé.
Ela
canta e ele ouve; porém, comovido, foge repetindo: - "É bela,
porém é a morte... é a Iara".
Uma
vez a piracema arrastou-o para longe, a noite o surpreendeu... o lago
é grande, os igarapés se cruzam, ele os segue, ora manejando o
apucuitaua com uma mão firme, ora impelindo a montaria, apoiando-se
nos troncos das árvores, e assim atravessa a floresta, o igapó e o
murizal.
De
repente um canto o surpreende, uma cabeça sai fora d'água, seu
sorriso e sua beleza o ofuscam, ele a contempla, deixa cair o iacumá,
e esquece assim também o tejupar; não presta atenção senão ao
bater de seu coração, e engolfado em seus pensamentos, deixa a
montaria ir de bubuia, não despertando senão quando sentiu sobre a
fonte a brisa fresca do Amazonas.
Despertou
muito tarde, a tristeza apoderou-se da sua alegria, o tejupar faz seu
martírio, a família é uma opressão, as águas, só as águas, o
chamam, só a solidão dos igarapés o encanta.
"Iara
hu piciana!" Foi pegado pela Iara. Todos os dias, quando a
aurora com suas vestes roçagantes percorre o nascente, saudada pelos
iapis que cantam nas samaumeiras, encontra sempre uma montaria com a
sua vela escura tinta de muruchi, que se dirige para o igarapé,
conduzindo o pescador tapuio desejoso de ouvir o canto do aracuã.
Para passar o tempo procura o boiadouro de iurará, porém a sararaca
lhe cai da mão e o muirapara se encosta. As horas passam-se entregue
aos seus pensares, enquanto a montaria vai de bubuia.
O
acarequissaua está branco, porém o aracuã ainda não cantou. A
tristeza desaparece; a alegria volta, porque o Sol já se encobre
atrás das embauleiras da longínqua margem do Amazonas; é a hora da
Iara.
Vai
remando docemente; a capiuara que sai da canarana o sobressalta; a
jaçanã que voa do periantã lhe dá esperanças, que o pirarucu que
sobrenada o engana.
De
repente um canto o perturba; é a Iara que se queixa da frieza do
tapuio.
Deixa cair o remo; Iara apareceu-lhe encantadora como nunca o esteve.
Deixa cair o remo; Iara apareceu-lhe encantadora como nunca o esteve.
O
coração salta-lhe no peito, porém a recomendação de sua mãe
veio-lhe à memória: "Taíra não te deixes seduzir pela Iara,
foge de seus braços, ela é munusaua".
O
aracuã não cantava mais, e do fundo da floresta saía a risada
estrídula do jurutaí.
A noite cobre o espaço, e mais triste do que nunca volta o tapuio em luta com o coração e com os conselhos maternos.
A noite cobre o espaço, e mais triste do que nunca volta o tapuio em luta com o coração e com os conselhos maternos.
Assim
passam-se os dias, já fugindo dos amigos e deixando a pesca em
abandono.
Uma
vez viram descer uma montaria de bubuia pelo Amazonas, solitária
porque o pirassara tinha-se deixado seduzir pelos cantos da Iara.
Mais
tarde apareceu num matupá um teonguera, tendo nos lábios sinais
recentes dos beijos da Iara.
Estavam
dilacerados pelos dentes das piranhas.
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