A
Construção Social da Realidade
(Thomas
Luckman; Peter Berger). In:
http://resumos.netsaber.com.br/resumo-109022/a-construcao-social-da-realidade
2)
Os fundamentos do conhecimento na vida quotidiana
2.1)
A realidade da vida quotidiana
O
mundo da vida quotidiana é objecto de uma interpretação dos homens
que lhe conferem sigificado e sentido;
Análise
fenomenológica dos pressupostos do conhecimento na vida quotidiana
a) Intencionalidade da consciência
A
consciência dirige-se sempre para objectos (físicos ou interiores)
de forma intencional.
b)
Os diferentes níveis da realidade
A
consciência participa de de esferas diferentes da realidade - ex. a
transição do sonho para o despertar.
c)
A realidade predominante - a vida quotidiana
Esta
realidade aparece à consciência geograficamente determinada e
simbolicamente ordenada pela linguagem;
A
presença imediata, espácio-temporalmente enquadrada, na realidade
da vida quotidiana constitui o centro de atenção da consciência;
A
consciência experimenta a vida quotidiana em graus diferentes de
aproximação e distância.
d)
A intersubjectividade da realidade
A
realidade existe para várias consciências ao mesmo tempo;
A
existência de conceitos e significados nessa realidade tornam-na
inteligível para um conhecimento comum a várias consciências;
As
perspectivas pessoais acerca dessa realidade divergem de uma
consciência para a outra.
A
imposição da realidade da vida quotidiana
A
realidade da vida quotidiana impõe-se a si mesma, isto é, ela é
independente da consciência que a atinge;
Esta
realidade afirma-se perante a consciência como real, ou seja,
existente de facto;
A
consciência é envolvida numa rotina dentro da vida quotidiana;
A
interrupção dessa rotina abre um sector problemático na reallidade
de uma consciência;
O
senso comum procura integrar esses sectores problemáticos na
realidade da vida quotidiana.
As
realidades secundárias
A
consciência, apesar de envolvida numa só realidade, insere-se
noutros níveis ou campos finitos dessa realidade;
A
atenção foca-se num aspecto particular e como que entra noutro
mundo - ex. Cinema, teatro, sonhos;
A
consciência retorna sempre à realidade predominante (vida
quotidiana).
A
estrutura espácio-temporal do real
Em
termos espaciais, o facto mais relevante é a inter-relação social
entre as várias consciências;
A
estrutura temporal articula-se em tempo universal, estabelecido
socialmente no calendário humano, e o tempo interior e subjectivo de
uma consciência.
2.2)
A interação social na vida quotidiana
O
relacionamento social
O
face a face com o outro é a principal forma de relacionamento
social, em que duas consciências se apreendem mutuamente através de
uma reciprocidade de expressões subjectivas;
A
presença do outro é uma realidade que se impõe por si mesma e é
contínuamente acessível a uma consciência;
As
formas de relacionamento consistem em esquemas tipificados –
vendedor/comprador, aluno/professor;
O
interesse e a intimidade determinam o grau de anonimato ou
proximidade da relação entre consciências, podendo essa relação
ser tipificada em termos abstractos – "opinião pública"
- ou de acção recíproca face a face - o circulo interior de uma
pessoa;
A
estrutura social corresponde ao conjunto de relações tipificadas da
vida quotidiana, bem como à relação estabelecida entre os
contemporãneos e os seus antepassados e os seus sucessores.
2.3)A
linguagem e o conhecimento na vida quotidiana
A
objectivação da expressividade humana
As
atitudes subjectivas de uma consciência podem ser expressas
directamente na relação face a face - ex. quando alguém
exterioriza um comportamento agressivo – ou indirectamente através
da objectivação desse sentimento por meio de um produto da
actividade humana - ex. uma faca é um indício de intenção
subjectiva violenta;
Os
sinais e os sistemas de sinais
Podem
simbolizar um determinado tipo de sentimento, sem estarem
relacionados com a intenção do sujeito, ou então, expressar
concretamente uma intenção subjectiva-linguagem;
Numa
conversa entre duas consciências, estas subjectividades tornam-se
recíprocamente acessíveis;
A
objectivação linguística é a principal forma de apreensão de uma
consciência por outra, ou até mesmo de uma consciência por si
mesmo (auto-reflexão).
O
enquadramento social da linguagem
A
linguagem é um sistema de sinais objectivos cujo significado está
intimamente ligado ao senso comum;
Os
padrões da linguagem e as suas categorias impõem-se à consciência,
já que ela tipifica comportamentos e experiências conferindo-lhes
um conteúdo comum a todos os indivíduos.
A
transcendência da linguagem
A
linguagem, apesar de estar relacionada com o contexto social,
transcende a dimensão espacial, temporal e social da realidade;
A
linguagem torna presentes realidades que estão ausentes do presente
e do espaço ocupado por uma consciência;
As
diferentes esferas da realidade são abordadas por sistemas de
linguagem simbólica - arte, filosofia, ciência, religião, etc.
-que afloram regiões inacessíveis à experiência quotidiana.
A
objetivação linguística
A
linguagem qualifica os objectos e ordena as experiências sociais
mediante o seu campo específico;
A
objectivação linguística permite conservar e acumular expriências
que representam um acrescentamento ao conhecimento comum da vida
quotidiana;
O
conhecimento receitado procura dar respostas às questões
pragmáticas da vida corrente.
O
capital social do conhecimento
O
conhecimento diferencia a realidade de acordo com o envolvimento de
um sujeito na sua área de ocupação específica ou geral;
A
rotina da vida quotidiana é tipificada em esquemas resultantes das
experiências sociais e naturais, aceites como certos;
O
conhecimento da vida quotidiana é instrumento de orientação do
indivíduo, quer no dia-a-dia, quer na multiplicidade de realidades
com que é confrontado.
As
conveniências do conhecimento e a sua distribuição social
O
conhecimento é determinado por estruturas da consciência
relativamente a interesses pragmáticos;
Os
indivíduos cruzam-se na sociedade em função destas conveniências
– médico//paciente, advogado/cliente;
O
conhecimento encontra-se socialmente distribuido em sistemas
complexos e especializados - ex. medicina;
O
conhecimento da distribuição social do conhecimento constitui
também um elemento do conhecimento da vida quotidiana.
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