Se
traduzirmos "teia de significados" por Cultura, a partir de Geertz,
diríamos que a REALIDADE deriva da Cultura, logo a realidade deriva
da teia de significados que formata nossa cultura e nosso mundo.
Realidade
deriva da Cultura e se tomarmos a Cultura como "uma teia de
significados", logo a Realidade deriva da teia de significados
que damos ao mundo. O mundo é conjunto de todas as coisas que
sabemos que existe e mais do que isso, damos um nome a cada uma dessas coisas para podermos
darmos significados a todas elas.
Para
Berger e Luckmann os universos simbólicos são passíveis de
cristalização segundo processos de “objetivação, sedimentação
e acumulação do conhecimento”. Esses processos de cristalização
levam a um mundo de produtos teóricos que, porém, não perde suas
raízes no mundo humano de tal sorte que os universos simbólicos se
definem como “produtos sociais que têm uma história”.
Desse
modo, se quisermos entender o significado desses produtos temos de
entender a história da sua produção, em termos de objetivação,
sedimentação e acumulação do conhecimento. A “função
nômica”(função de fazer observar as rubricas e normas dos
procedimentos regidos por símbolos, como procedimentos de tipo
litúrgicos) do universo simbólico é que “põe cada coisa em
seu lugar certo”, permitindo ao indivíduo “retornar à
realidade da vida cotidiana”.
Trata-se
de saber “se o homem ainda conserva a noção de que, embora
objetivado, o mundo social foi feito pelos homens e, portanto, pode
ser refeito por eles”. É a reificação como grau extremo do
processo de objetivação, extremo esse no qual “o mundo objetivado
perde a inteligibilidade e se fixa como uma faticidade inerte. Os
significados humanos são tidos, então, como “produtos da natureza
das coisas”.
Quer
dizer, a reificação é uma modalidade da consciência, de tal sorte
que, mesmo apreendendo o mundo em termos reificados, o homem continua
a produzí-lo - paradoxalmente, o homem é capaz de produzir uma
realidade que o nega. Em consequência a análise visando a
integração reflexiva nota que “a reificação é possível no
nível pré-teórico e no nível teórico da consciência”: “os
sistemas teóricos complexos podem ser descritos como reificações,
embora presumivelmente tenham suas raízes em reificações
pré-teóricas” -“a reificação existe na consciência do homem
da rua” e não deve ser limitada às construções dos
intelectuais.
Fica bem nítido no pensamento de Geertz a ideia de dimensão, tomada como esferas, ou camadas (níveis), pois para ele o homem é um ser composto por camadas, níveis. Cada um delas superposta as outras inferiores e cada uma delas completas, concêntricas e irredutíveis em si mesma, cada dimensão se apresenta como uma realidade plena em si mesma e o conjunto concentro de todas elas também se apresenta como uma realidade plena e continua em si mesma. Logo podemos inferir que a realidade depende de que dimensão o ser vive. Assim retirando-se a realidade ou dimensão cultura se encontram outras regularidades estruturais e funcionais da organização social da realidade imediatamente a baixo. Retirando-se a realidade social, abaixo teríamos os fatores psicológicos, as necessidades básicas. E tirando-se isso teríamos os fundamentos biológicos: neurológicos, fisiológicos e anatômicas, numa estratigrafia bem nítida.
Fica bem nítido no pensamento de Geertz a ideia de dimensão, tomada como esferas, ou camadas (níveis), pois para ele o homem é um ser composto por camadas, níveis. Cada um delas superposta as outras inferiores e cada uma delas completas, concêntricas e irredutíveis em si mesma, cada dimensão se apresenta como uma realidade plena em si mesma e o conjunto concentro de todas elas também se apresenta como uma realidade plena e continua em si mesma. Logo podemos inferir que a realidade depende de que dimensão o ser vive. Assim retirando-se a realidade ou dimensão cultura se encontram outras regularidades estruturais e funcionais da organização social da realidade imediatamente a baixo. Retirando-se a realidade social, abaixo teríamos os fatores psicológicos, as necessidades básicas. E tirando-se isso teríamos os fundamentos biológicos: neurológicos, fisiológicos e anatômicas, numa estratigrafia bem nítida.
Resumo
de a Interpretação Das Culturas de
Clifford Geertz. In:
http://resumos.netsaber.com.br/resumo-44813/a-interpretacao-das-culturas
Geertz
recupera o conceito de Max Weber, que afirma que o homem é um ser
amarrado em teias de significados que ele mesmo teceu. A cultura é,
portanto, uma realidade interpretativa, e apreende-la em buscar seus
significados. O comportamento e a conduta são sempre ações
simbólicas. O fluxo que vai da conduta individual ao comportamento
coletivo (ação social) faz com que as formas culturais se
articulem. O significado da conduta emerge do papel que desempenham
socialmente. A cultura é pública porque o significado o é, ninguém
se apropria de um significado como se fosse exclusivamente seu. No
estudo da cultura, os significantes não são sintomas ou conjunto de
sintomas, mas atos simbólicos e o objetivo não é a terapia, mas a
análise do discurso social.
No
âmbito de seus estudos, Geertz percebe que a cultura é uma
estrutura estruturante na organização das sociedades, ele indica
que esta pode ser definida como um sistema cultural de organização
(e controle) das coletividades, sistema este pautado em um mecanismo
de apreensão do poder por meio da posse dos signos de poder (por
parte dos que controlam as altas esferas sociais) e da submissão dos
membros de uma comunidade política a tais signos. Entenda-se aqui
esferas como dimensões e dimensões como esferas, isto para uma
análise mais “concreta” da realidade. Para que esta submissão
ocorra, a cultura é a mediação entre o poder e o objeto de sua
ação, isto é possível, pelo fato de que, segundo Geertz, na
Antropologia o conceito de cultura sofre uma revisão e passa a ser
visto como um padrão de significados transmitidos historicamente,
incorporado em símbolos e materializado em comportamentos, o que se
entende costumeiramente em Antropologia com Padrões de Cultura,
muito bem definido por Ruth Benedict em sua obra Padrões de Cultura.
Complementar a esta noção, está a idéia de que as imagens
públicas do comportamento (cultural) são vistas como os mais
eficazes elementos do controle social. Deste modo, a cultura é em
parte controladora do comportamento em sociedade e, ao mesmo tempo
criadora e recriadora deste comportamento, devido ao seu conteúdo
ideológico, impossível de ser esvaziado de significado, já que
toda cultura possui uma ideologia que o configura, pois para o autor
a ideologia é apresentada como a dimensão norteadora/justificativa
do “arbitrário” cultural (os princípios que são aceitos pelo
senso comum como indiscutíveis, e que definem o que é valorizado ou
desvalorizado em termos comportamentais em determinado grupo humano),
sendo este arbitrário cultural o elemento mediador da apreensão dos
signos e significados presentes em uma cultura.
Texto Base: Resumo 5 - O que é Realidade, de João Francisco Duarte Junior. In: http://www.descansoploucura.top/2014/10/resumo-4-o-que-e-realidade-de-joao.html
Texto Base 2: Resenha A Construção Social da Realidade. In: www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/article/viewFile/30243/21587
Texto
Base 3: A Interpretação Das Culturas. In:
http://resumos.netsaber.com.br/resumo-44813/a-interpretacao-das-culturas
I
“CAI NA REAL”
Quando
se trata de abandonar o irreal, de voltar-se ao mundo sólido e
concreto, caímos na Realidade, em outras palavras, colocamos os pés
no chão. Existe, no entanto, uma realidade que pode ser captada pela
nossa percepção e outra que pode ser captada de forma mais física,
isto é, de maneira mais concreta e objetiva. Em cada maneira de
coexistência uma nova realidade é vivida.Não é correto falar de
Realidade, mas necessariamente de Realidades. Pois a concepção de
realidade depende das formas de consciência que ocorrem diante dos
objetos. Neste sentido, nota-se que o número de possibilidades do
Real aumenta gradativamente, à medida que se analisam os fatos
sociais. A Realidade não é algo dado. Ela é construída, forjada
no encontro incessante entre os sujeitos humanos e o mundo.Para
entendermos melhor a realidade é preciso que também entendamos a
ideia de verdade, não esquecendo, principalmente, que a realidade
cotidiana é aquela que mais nos influencia.
II-
“NO PRINCÍPIO ERA A PALAVRA”
A
Palavra, a Linguagem é fator essencial para diferir o homem dos
demais seres e lhe conceder a humanidade. Pois, o animal está preso
ao aqui e agora, já o ser humano, é capaz de “reviver” o
passado, usufruir do presente e planejar o futuro.
É
bom saber que somos mais que corpo, nós somos também consciência.
A
Nominação faz associar o objeto a sua compreensão.
A
construção da realidade passa necessariamente pelo sistema
linguístico exercido na comunidade. É evidente que o ser humano
encontra-se envolvido num mundo simbólico e o real será sempre um
produto da dialética, sendo os símbolos os grandes edificadores
deste mundo e consequentemente da construção da Realidade.
III-
“A EDIFICAÇÃO DA REALIDADE”
Consideramos
a vida cotidiana como sendo a Realidade por excelência. Porém, essa
consideração advém de uma interpretação que fazemos, ainda em
caráter prático. Por que a realidade não é simplesmente
construída, mas socialmente edificada. São as diversas sociedades
quem edificam suas realidades.
Já
as Instituições têm papel preponderante em reforçar a edificação
da realidade. E é através delas que a realidade passa a exercer uma
coerção sobre a consciência dos indivíduos. Mais uma vez entra a
linguagem como importante fator na legitimação das instituições.
Tendo os símbolos função especial na legitimação das
instituições.
Além
da linguagem (os símbolos) e das instituições, contribui também
com a edificação da realidade, a Ideologia.
IV-
“A MANUTENÇÃO DA REALIDADE”
Sozinho
ninguém constrói uma nova realidade. E os seus mecanismos de
manutenção podem ser terapêuticos e aniquiladores. Terapêuticos
quando fazem com que o sujeito em questão volte a enxergar a
realidade tal qual a coletividade; e Aniquiladores quando trata
daqueles que divergem de certa realidade, estando fora dela.A
manutenção consiste em assegurar que todos os membros da sociedade
compartilhem da mesma interpretação da realidade. Trata-se,
portanto, de um controle social.Individualmente, a manutenção pode
ser feita num nível rotineiro ou num nível crítico.O rotineiro
assegura que nos movimentemos sem mudanças bruscas, havendo a
interação com os outros.
O
crítico acontece quando nos deparamos com um fato inusitado e
inoportuno, que faz com que nos sintamos obrigados a indagar sobre a
realidade que nos cerca.
V-
“A APRENDIZAGEM DA REALIDADE”
O
processo de aprendizagem da realidade é denominado de socialização.
Esta pode ser dividida numa fase primária ou numa fase secundária.A
primária ocorre, segundo o autor, no seio da família, inicialmente
com os primeiros sintomas de emoções e com a aquisição da
linguagem. Ela alicerça todos os demais conhecimentos.É secundária
diz respeito a tudo que vem após a primária e que introduz o
indivíduo noutras realidades. Esta se dá de maneira mais racional e
planificada. Nesta fase a realidade é mais frágil e fugaz e pode
sofrer desestruturações.
VI-
“A REALIDADE CIENTÍFICA”
Tudo
que não é cientificamente comprovado não merece credibilidade, eis
umas das facetas do mito da ciência.É necessário, então,
desmistificar a compreensão que temos sobre a realidade apresentada
pela ciência e seus métodos.
Pois,
a ciência constrói o real de maneira particular, são, portanto,
verdades específicas.
A
realidade mostrada pela ciência é uma realidade de segunda ordem,
assegura o autor, pois se apoia nos acontecimentos cotidianos, que
seriam, seguindo este raciocínio, verdades de primeira ordem.
VII
– REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BERGER,
Peter L. LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade:
tratado de sociologia do conhecimento. Rio de Janeiro: Editora
Vozes, 2004.
DUARTE
JUNIOR, João Francisco. O que é Realidade. Editora
Brasiliense: São Paulo, 1994 (Coleção Primeiros Passos).
GEERTZ,
Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de
Janeiro:LTC,1989.
Resenha de "A Construção Social da Realidade"
No
seu Tratado de Sociologia do Conhecimento intitulado “A
Construção Social da Realidade” (op.cit,pp.124/132),
Peter Berger e Thomas Luckmann desenvolvem uma análise dos
“processos de legitimação pelos universos simbólicos”
que toma por base a intersubjetividade e a biografia
individual. Abordam o problema da transmissão a uma nova
geração das “objetivações da ordem institucional”, assim
tornada histórica. Quer dizer, a legitimação é uma questão de
tradição teórica, incluindo as explicações e justificações.
O
esquema analítico desses autores afirma a precedência do
conhecimento sobre os valores, e se aplica a partir da
distinção de quatro níveis. Inicialmente, a legitimação
“incipiente” acha-se presente “logo que um sistema de
objetivações lingüísticas da experiência humana é transmitido”.
É o primeiro nível, que inclui “todas as
afirmações tradicionais simples do tipo ‘é assim que se faz as
coisas”. É o nível pré-teórico e constitui o fundamento do
conhecimento evidente “sobre o qual devem repousar todas as
‘teorias subseqüentes’ e, inversamente, nível ao qual estas
devem atingir para serem incorporadas à tradição”.
O
segundo nível contém proposições teóricas
em forma rudimentar, incluindo esquemas explicativos que relacionam
“conjuntos de significações objetivas” e que “são altamente
pragmáticos”, como “os provérbios, as máximas morais e os
adágios da sabedoria” - ademais das lendas e histórias populares.
O
terceiro nível já compreende “teorias
explícitas”: um “corpo diferenciado de conhecimentos”
oferecendo um “quadro de referência” amplo para a “conduta
institucionalizada”. Já se nota a função de “pessoal
especializado” para a transmissão desse conhecimento, pelo que o
processo de legitimação começa a atingir “um grau de autonomia
em relação às instituições legitimadas”, podendo gerar “seus
próprios procedimentos institucionais”.
É
somente no quarto nível que se impõem os
universos simbólicos como tais, isto é, como “corpos de tradição
teórica que (a)-integram diferentes áreas de significação”,
(b)-abrangem a ordem institucional em “processo de significação”,
(c)-se referem a realidades diferentes das pertencentes à
experiência da vida cotidiana”, (d)-realizam o grau mais alto de
integração “de particulares áreas de significado” e de
“processos separados de conduta institucionalizada”. Quer dizer,
“todos os setores da ordem institucional acham-se integrados num
quadro de referência global”. Desse modo, a “integração
reflexiva de processos institucionais distintos alcança sua plena
realização”; “todas as teorias legitimadoras menores são
consideradas como perspectivas especiais”; “os papéis
institucionais tornam-se modos de participação”.
Para
Berger e Luckmann os universos simbólicos são passíveis de
cristalização segundo processos de “objetivação, sedimentação
e acumulação do conhecimento”. Esses processos de cristalização
levam a um mundo de produtos teóricos que, porém, não perde suas
raízes no mundo humano de tal sorte que os universos simbólicos se
definem como “produtos sociais que têm uma história”.
Desse
modo, se quisermos entender o significado desses produtos temos de
entender a história da sua produção, em termos de objetivação,
sedimentação e acumulação do conhecimento. A “função
nômica”(função de fazer observar as rubricas e normas dos
procedimentos regidos por símbolos, como procedimentos de tipo
litúrgicos) do universo simbólico é que “põe cada coisa
em seu lugar certo”, permitindo ao indivíduo “retornar à
realidade da vida cotidiana”.
A
análise dos processos de legitimação por Berger e Luckmann tem em
conta que, nas objetivações em que as teorias são observadas,
surge a questão de saber “até que ponto uma ordem institucional,
ou alguma parte dela é apreendida como uma faticidade não humana”,
e que essa “é a questão da reificação da realidade
social”.
Trata-se
de saber “se o homem ainda conserva a noção de que, embora
objetivado, o mundo social foi feito pelos homens e, portanto, pode
ser refeito por eles”. É a reificação como grau extremo do
processo de objetivação, extremo esse no qual “o mundo objetivado
perde a inteligibilidade e se fixa como uma faticidade inerte. Os
significados humanos são tidos, então, como “produtos da natureza
das coisas”.
Quer
dizer, a reificação é uma modalidade da consciência, de tal sorte
que, mesmo apreendendo o mundo em termos reificados, o homem continua
a produzí-lo - paradoxalmente, o homem é capaz de produzir uma
realidade que o nega. Em conseqüência a análise visando a
integração reflexiva nota que “a reificação é possível no
nível pré-teórico e no nível teórico da consciência”: “os
sistemas teóricos complexos podem ser descritos como reificações,
embora presumivelmente tenham suas raízes em reificações
pré-teóricas” -“a reificação existe na consciência do homem
da rua” e não deve ser limitada às construções dos
intelectuais.
Da
mesma maneira, seria “um engano considerar a reificação como uma
perversão de uma apreensão do mundo social originariamente não
reificada”: “a apreensão original do mundo social é
consideravelmente reificada. Em contrapartida, prosseguem Berger e
Luckmann, a apreensão da própria reificação como modalidade da
consciência “depende de uma desreificação ao menos
relativa, exigência sóciológica esta que “é um acontecimento
comparativamente tardio”.
Completando
seu esquema analítico, os autores mencionados notam que as
instituições podem ser apreendidas em termos reificados quando se
lhes outorga “um status ontológico independente da atividade e da
significação humanas”. Quer dizer, através da reificação “o
mundo das instituições parece fundir-se com o mundo da natureza”.
Da mesma maneira, os papéis sociais podem ser reificados, de tal
sorte que “o setor da autoconsciência que foi objetivado num papel
é então também apreendido como uma fatalidade inevitável, podendo
o indivíduo negar qualquer responsabilidade”.
Quer
dizer, “a reificação dos papéis estreita a
distância subjetiva que o indivíduo pode estabelecer
entre si e o papel que desempenha”. E os autores completam: “a
distância implicada em toda a objetivação mantem-se,
evidentemente, mas a distância causada pela desidentificação
vai se reduzindo até o ponto de desaparecer”. A conclusão é
de que a análise da reificação serve de corretivo padrão para as
tendências reificadoras do pensamento teórico em geral, e do
pensamento sociológico em particular.
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